Esforços na área de segurança já direcionam Rio para as Olimpíada de 2016

Rio e Brasília inauguram em 2011 centros de treinamento de policias e bombeiros para grandes eventos.

Por Júlia Dias Carneiro
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Integurantes do Bope também receberão treinamento especial para os eventos de grande porte O Rio de Janeiro já começou a desenvolver ações de segurança pensando nos Jogos Olímpicos de 2016. Em 2011, a cidade se prepara para sediar os Jogos Mundiais Militares, o primeiro de uma sequência de grandes eventos que culminará com a Olimpíada, cinco anos depois. Os esforços incluirão treinamento especial de policiais para atuar em eventos de grande porte e a inauguração do Centro Integrado de Comando e Controle no Rio (CICC), que reunirá forças de segurança do Estado para atuar de maneira conjunta no dia-a-dia e na gestão de crises ou grandes eventos. O espaço começou a ser construído em setembro e deve ficar pronto, de acordo com a Empresa estadual de Obras Públicas (Emop), em oito meses. Além disso, em maio, será estabelecida em Brasília a Academia Internacional de Segurança Pública para grandes eventos. Segundo Alexandre Augusto Aragon, secretário nacional de Segurança Pública substituto, o centro de treinamento é fruto de um acordo firmado semana passada entre o Ministério da Justiça e o Unicri - o Instituto de Investigação Inter-regional de Crime e Justiça das Nações Unidas. "Vamos receber agentes do país e do mundo todo para serem formados por policiais brasileiros e por policiais estrangeiros apontados pela ONU", diz Aragon. "É já temos grande expertise em grandes eventos, como réveillon do Rio e os carnavais do Rio e da Bahia." 'Bolsa Olímpica' Há três anos, a secretaria vem oferecendo 73 cursos à distância para agentes de segurança no país. A partir do segundo semestre de 2011, haverá um programa específico para agentes do Rio com foco na Olimpíada e na Copa do Mundo de 2014. De acordo com Aragon, a chamada "Bolsa Olímpica" oferecerá aos policiais militares, civis e aos bombeiros um pacote de cursos que incluem o ensino do inglês, orientações para atendimento ao turista e grupos vulneráveis e princípios de policiamento comunitário. Os policiais receberão bolsas mensais que começarão em R$ 443 e poderão chegar a R$ 900. Os homens do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) também receberão treinamento especial para os eventos, de acordo com o novo comandante do batalhão, Wilman René Gonçalves Alonso. Os cursos serão voltados para técnicas de combate ao terrorismo, resgate de reféns em áreas com grande concentração de pessoas e procedimentos em casos de emergência e ameaça de bombas - além de cursos de inglês para ter noções básicas para lidar com turistas. Segundo Alonso, a Polícia Militar também receberá treinamento específico para aprender a reconhecer suspeitos, observar linguagem corporal e desenvolver técnicas que ajudem a detectar possíveis ameaças durante o policiamento feito nas ruas. "Ações de terrorismo são a grande preocupação nesses eventos internacionais, mas a principal parte desse combate é nas áreas de inteligência e de prevenção. É importante que os policiais que ficam nas ruas também exercitem sua percepção para detectar possíveis ameaças", diz Alonso, que assumiu o comando do Bope nesta semana. Além dos cursos, o batalhão vem promovendo intercâmbios com forças de segurança de outros países. Neste ano, recebeu policiais da França, Espanha e Colômbia, e para 2011 estão previstos intercâmbios e palestras com polícias dos Estados Unidos, da Itália e novamente da França. "Nosso foco é buscar conhecimento de policiais de países que já passaram por eventos dessa natureza", diz Alonso. Crescimento Até 2016, tanto o Bope quanto a Polícia Militar do Rio (PM) devem aumentar seus efetivos em 50%. "Temos um acordo com o COI (Comitê Olímpico Internacional) e até 2016 devemos chegar a um efetivo de 60 mil homens e mulheres. Atualmente, são cerca de 40 mil", diz o coronel Henrique Lima de Castro Saraiva, coordenador de Comunicação Social da PM. Em 2010, a corporação aumentou seu contingente em dois mil homens. Em 2011, os planos são de incorporar mais sete mil policiais, diz Lima Castro. Já o Bope tem hoje 400 homens e deve passar a ter 600 até 2016, de acordo com Alonso, "em função das demandas que vão surgir por conta da Copa e particularmente da Olimpíada". Apesar no foco final na Olimpíada, Lima Castro diz que não se pode só pensar apenas em 2016, já que a segurança passará por muitas provas antes disso - como os Jogos Militares que se aproximam, a Copa das Confederações em 2013 e a Copa do Mundo de 2014. "Os Jogos Militares já são em 2011 e vamos receber quase seis mil atletas. É maior do que o Panamericano", destaca Lima Castro. De acordo com Alonso, o mundial militar será o primeiro teste para as forças de segurança do Rio. "Vamos saber o que vamos encontrar pela frente e ter um crescente de eventos até chegar a 2016", diz. Réveillon De acordo com Lima Castro, o Rio chega ao fim do ano com condições mais favoráveis que o ano anterior para o policiamento de sua festa de réveillon, que deve reunir dois milhões de pessoas na Praia de Copacabana. "Hoje temos um cinturão de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras) em todas as comunidades do bairro e isso facilita muito o trabalho da polícia e dos batalhões locais", diz. Após as grandes operações que ocuparam a Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão em novembro, Lima Castro diz que a Polícia Militar está fortalecida. "Hoje temos o policial militar com uma autoestima muito elevada, algo que não tínhamos no ano passado, e temos uma população que acredita nos órgãos policiais, o que também não tínhamos no ano passado", aponta Lima Castro. De acordo com o capitão, policiamento planejado para a Copacabana será 5% maior que no ano anterior, envolvendo 1.350 homens e 131 viaturas. "Nós não vamos nos sentar achando que está tudo resolvido, e por isso aumentamos a nossa presença e colocamos mais viaturas na rua. Mas acredito que teremos um réveillon muito melhor na cidade e um 2011 bem melhor para a segurança pública no Rio", afirma. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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