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Escolha de relator agrada ao governo e oposição

Sergio Zveiter é visto como 'sereno' e não 'capacho' do Planalto

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Por Daiene Cardoso
Atualização:

BRASÍLIA - A escolha de Sergio Zveiter (PMDB-RJ) para relatoria da denúncia contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) foi vista tanto pela oposição quanto pela base aliada como a menos prejudicial entre as opções do presidente do colegiado, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG). Ainda que Zveiter não seja 100% alinhado com o Palácio do Planalto, há um discurso oficial entre os governistas de que o peemedebista é sereno e técnico em sua atuação na CCJ. Nos bastidores, os aliados do Planalto avaliam que haveria com o deputado fluminense margem de negociação para apresentação de um parecer pela inadmissibilidade da denúncia. Para os oposicionistas, a escolha de um peemedebista não é o melhor dos mundos por ser do mesmo partido de Temer, mas a postura de independência de Zveiter agrada. "Ele não é um capacho do governo", definiu o líder do PT, Carlos Zarattini (SP). A base governista queria Alceu Moreira (PMDB-RS), Jones Martins (PMDB-RS) ou Laerte Bessa (PR-DF), notórios defensores do governo. O vice-líder da bancada do PMDB, Carlos Marun (MS), disse que Zveiter foi "uma boa escolha" dentro de um universo de opções de parlamentares menos comprometidos, seja com o governo ou com a oposição. "Temos de ter confiança no seu discernimento, em sua análise serena do caso", declarou Marun. O vice-líder brincou que ele mesmo seria o "nome dos sonhos" para a relatoria e deu sinais de desconfiança em relação ao que virá de Zveiter. "Se ele fizer loucura, vamos derrubar o parecer dele", disse. Com um tom de voz pouco animado, o vice-líder do governo, Darcísio Perondi (PMDB-RS), afirmou que a indicação era "excelente". "Ele tem uma participação sóbria na CCJ", comentou. Pressão. Da ala oposicionista do PSB, Júlio Delgado (MG) acredita que o relatório de Zveiter vai balizar a vitória ou a derrota de Temer no plenário. Na avaliação do deputado, se o peemedebista fizer um parecer contra o acatamento da denúncia, estará "morto politicamente". Por relatar, pela primeira vez na história, uma denúncia de crime comum contra um presidente da República, Delgado lembra que Zveiter terá uma vitrine única em sua carreira política. "Ele não terá outra vitrine como essa", observou. Enquanto presidia a sessão, Pacheco conversou discretamente com cada parlamentar da oposição que foi procurá-lo para saber quem seria sua indicação. Os oposicionistas deixavam a rápida conversa "de pé de ouvido" com um ar aliviado. Durante o anúncio para a imprensa, nenhum deputado de oposição protestou. "A princípio, seria preferível que não fosse alguém do partido do presidente. De qualquer forma, espero que o escolhido atue de forma independente. O relator deve colocar o Brasil acima de vínculos partidários ou quaisquer interesses, tocando o relatório com total respeito à Constituição, de forma isenta e atendo-se aos fatos, que são irrefutáveis", afirmou Alessandro Molon (Rede-RJ).

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