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'Erramos ao defender o Fora FHC', diz ministro do PC do B

Aldo Rebelo, que em 1999 pediu o afastamento do então presidente tucano, faz mea-culpa e minimiza movimento contra Dilma

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Por Pedro Venceslau
Atualização:

Ministro da Ciência e Tecnologia, o ex-deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) integra o seleto conselho político criado pela presidente Dilma Rousseff para melhorar o diálogo com a base no Congresso e a sociedade. Ex-presidente da UNE, na década de 1980, e da Câmara entre 2005 e 2007, além de ex-ministro das Relações Institucionais no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Rebelo minimiza o movimento pelo impeachment e reconhece que errou ao defender o "Fora FHC".Avalia que há risco de avançar na Câmara o impeachment ou existe margem de segurança? Não creio que esse tipo de tese vai avançar na Câmara. Nem os dirigentes mais lúcidos do PSDB trabalham com essa hipótese.

Ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo Foto: André Dusek/Estadão

Em 1999, o PC do B foi às ruas pedir o impeachment de Fernando Henrique. Por quê valia naquela época e hoje não vale mais? Por uma simples razão: o pedido de impeachment de Fernando Henrique Cardoso estava errado. Ponto.Então o PC do B estava errado? Claro. E não só ele. Todos pedidos contra o presidente estavam errados.Na época o sr. foi voto vencido no partido? A posição do partido é sempre a posição de todos os seus integrantes. Não cultivamos essa tese de um ficar para um lado e outro para outro. Os panelaços preocupam o governo ou o sr avalia que é um evento isolado?Não é isolado porque acontece nas grandes cidades. É um movimento de setores da classe média que não atraiu a presença do povo. Mas no Brasil essas manifestações sempre foram de setores médios.Partidos de oposição queriam ensaiar um pedido de impeachment e recuaram. O movimento perdeu força?Nos momentos tumultuados da vida nacional, as teses não precisam de muita sustentação para circular. Não há sustentação jurídica nem política para a oposição cogitar o impedimento. Faz isso porque é jogo de cena. O País vive um momento estranho.Estranho como?Vivemos um momento em que empresas brasileiras que foram responsáveis pela construção da infraestrutura do País recebem um tratamento que nem as empresas que sustentaram o esforço de guerra do nazismo receberam. Nem elas foram tratadas como a Petrobrás e as empresas de construção civil estão sendo.Que tratamento é esse?Existem dois movimentos em curso no Brasil. Um é legítimo e necessário: a investigação e o combate sem tréguas à corrupção. O outro movimento é aproveitar o pretexto do combate à corrupção para destruir, desacreditar e desmoralizar empresas como a Petrobrás e as que construíram nossa infraestrutura perante o mundo. Quais empresas? Empresas que hoje trabalham na área de construção, defesa, estradas... Marcas importantes da nossa engenharia estão sendo destruídas. Isso é inaceitável. A Alemanha enforcou os carrascos nazistas, mas as empresas que participaram do esforço de guerra foram preservadas. Não se pode atingir empresas que são patrimônio do País.De que modo elas estão sendo atingidas? Qual a motivação?A forma varia muito. Há um esforço de fazê-las inidôneas para participar de contratos com o poder público do País, o que é uma de forma de destruí-las. No Brasil, as obras de infraestrutura são quase todas financiadas com dinheiro público. Se você impede uma empresa nacional de participar, vai oferecer para quem? Para construtoras estrangeiras? Quando criam dificuldade para a Petrobrás contratar e executar obras, naturalmente as concorrentes são favorecidas. Isso já está prejudicando o andamento de obras no País. Quando um deputado comete um crime, você caça ele, não fecha a Câmara. Quem está querendo destruir as empresas? Os agentes estão nos jornais. Basta procurar.

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