São Paulo - Na cidade de São Paulo, a pesquisa do Ibope detectou, nas classes A/B (renda familiar acima de R$ 3.630) com ensino superior, um forte desejo de mudança sem Dilma Rousseff. Os eleitores ouvidos pelo Estado citaram principalmente a corrupção, os impostos altos e a má qualidade dos serviços públicos. Embora em geral não utilizem o Sistema Único de Saúde (SUS) e não tenham estudado em escolas públicas, eles se preocupam com sua precariedade, assim como a da segurança e a do transporte público. Alguns já decidiram por Aécio Neves ou Eduardo Campos, mas muitos ainda estão em dúvida - ou simplesmente pretendem anular o voto. O Jardim Paulista e outros bairros das regiões sul, oeste e central de São Paulo são tradicionais redutos tucanos. Mas nem todos os eleitores hoje descontentes com o governo votaram sempre no PSDB. Fernando Mota, de 50 anos, formado em Direito e dono de um antiquário no Jardim Paulista, é filho de comunista e votou em Lula. “Depois, percebi que ele pegou o governo funcionando, tudo o que o antecessor tinha feito, e entregou tudo parado.” Mesmo com a decepção com Lula, votou em Dilma: “Achei que ela era o novo, que não ia precisar dele. Aí percebi que não: tinha entrado numa fria. De novo não tinha nada”. Mota diz que se arrependeu “amargamente”. “Foi uma das piores bobagens que já fiz na minha vida, por causa principalmente da bandalheira que o PT instituiu no governo, usar a máquina do governo para se perpetuar no poder, que é uma coisa vergonhosa, acintosa. A maneira como eles enfrentam a Justiça, como se estivessem acima de tudo e de todos. Do jeito que está tá tudo parado, trancado.”