
Constança Rezende, O Estado de S.Paulo
07 Dezembro 2017 | 13h23
RIO - Vinte e seis empresas de ônibus “contribuíram” com R$ 250 milhões para a “caixinha” da propina a políticos investigada na Operação Cadeia Velha, segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), contra deputados da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). As informações estão em um pendrive entregue por delatores ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O valor foi aportado pelas empresas no período de janeiro de 2013 a fevereiro de 2016.
+++ Picciani recebeu R$ 11 milhões da Odebrecht, aponta denúncia
As informações foram rastreadas por meio das delações do doleiro Álvaro Novis e do operador Edimar Dantas, ao STJ. Ouvido pela Procuradoria-Geral da República, Novis disse saber que os pagamentos feitos pela Fetranspor (entidade que congrega dez sindicatos de empresas de ônibus responsáveis por transporte urbano) eram realizados para garantir benefícios relacionados a linhas de ônibus e tarifas.
+++ MPF denuncia Picciani e deputados do PMDB
O delator afirmou que as empresas de ônibus entregavam o dinheiro em espécie em transportadoras de valores, em contas para custódia dos recursos arrecadados com passagens. As contas eram usadas para movimentar os valores das empresas de ônibus e para fazer os pagamentos aos beneficiários.
+++ Procuradoria pede bloqueio de R$ 154 mi de Jorge Picciani e do filho
De acordo com o operador, a arrecadação de recursos contava com a atuação coordenada do então presidente do conselho de administração da Fetranspor, Jose Carlos Lavouras, do empresário Jacob Barata Filho, do presidente do Setrerj (Sindicato de Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro), Marcelo Traça, e de Lélis Teixeira, ex-presidente da Fetranspor.
+++ Diretor da Fetranspor é preso ao tentar esconder computador da Lava Jato
+++ Picciani e Paulo Melo pegaram R$ 112 mi em propinas, diz Procuradoria
De acordo com o MPF, Novis “era um operador versátil e não trabalhava com exclusividade”. “Além de ter operado a mando dos empresários de transporte, também admitiu que fez pagamentos em favor de Jorge Picciani e Paulo Melo por ordem de executivos da Odebrecht”, diz a denúncia.
+++ Gravação revela que ex-presidente do Detro no Rio recebia R$ 600 mil por mês em propina
OUTRO LADO
A defesa de Lavouras divulgou breve nota em que repudia as acusações com base em afirmações de delatores. "Delações visam a dar prêmios a criminosos confessos, que ficam impunes. Por isso, delatores reiteradamente faltam com a verdade e induzem autoridades em erro. Por este motivo, tantas delações estão se revelando inconsistentes", diz o texto.
A defesa de Jacob Barata Filho afirmou, também por nota, que "não há qualquer evidência de distribuição ou recebimento de dinheiro ilícito em prol de qualquer agente público por parte do empresário".
Também por nota, a Fetranspor informou que “permanece à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários às investigações”.
O Estado está tentando ouvir os demais acusados.
Encontrou algum erro? Entre em contato