Ao longo da Avenida Centenário Alberto Santos Dumont, na saída da Base Aérea do Recife, no bairro do Jordão, muita gente com bandeiras, cartazes e material de campanha de Eduardo Campos aguardou a passagem do cortejo que levou os restos mortais do ex-governador para ser velado no Palácio do Governo.
O clima é de emoção, tristeza e também revolta.Algumas pessoas expressaram indignação com o que acreditam ter sido uma sabotagem. “Tiraram ele de cena, foi covardia, maracutaia”, exclamou Sueli Batista da Silva, de 44 anos, que trabalhava em sua campanha. Ela recebe R$ 30 por dia divulgando cartazes e bandeiras, mas agora disse que trabalha “até de graça por Marina”. Inconformada, ela está convicta de que o acidente foi provocado.
Aldenice Figueiredo, de 63 anos, comunga da mesma opinião. “Ninguém explicou esse acidente, é tudo muito triste”, disse ela, que veio de bicicleta do município vizinho de Jaboatão dos Guararapes e permaneceu à espera do cortejo mesmo quando começou a chover. “Só vou embora depois de ver o meu amigo passar.” Ela destacou a humildade de Eduardo Campos e disse que “ele era do povo, não era um burguês”. “Perdemos um grande homem, mas vamos ganhar uma grande mulher e vamos lutar para que ela ganhe. Vou votar nela porque ela é o que ele queria.”
“O Nordeste perdeu um lutador. Eduardo era o único que sabia falar e sabia fazer”, disse o motoqueiro Dimas Pereira de Oliveira Junior, de 23 anos, de posse de uma grande bandeira, disposto a acompanhar o cortejo. “Morreu um verdadeiro pernambucano.”
Para Juliana Pimentel, de 30 anos, a morte do político foi “uma desgraça”. “Agora não temos ninguém pela gente.” Como ela, muitos reforçam o sentimento de orfandade com a tragédia que tirou Eduardo Campos de cena no auge de sua trajetória política.
O público aguarda a saída do cortejo que será acompanhado pela viúva Renata, os cinco filhos de Campos e a candidata a vice na chapa do ex-governador, Marina Silva.