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Em reunião no Jaburu com Temer, aliados de Cunha produzem nota contra Teori

Vice-presidente não assina documento, mas opinou; deputados e cotados para ministérios falam na possibilidade de descumprir a decisão de Teori e deixar Cunha na presidência da Câmara

Por Adriano Ceolin
Atualização:
Foto de 2015 mostra vice presidente Michel Temer visitando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha Foto: Andre Dusek/Estadão

BRASÍLIA - Numa reunião no Palácio do Jaburu, lideranças de partidos na Câmara produziram uma nota contra a decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, de suspender o mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O encontro contou a presença do vice-presidente Michel Temer em parte da conversa, que durou cerca de duas horas. O documento deve ser divulgado ainda na tarde desta quinta, 5.

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Conforme o Estado apurou, Temer opinou sobre o teor da carta que fala em "desequilíbrio institucional entre os poderes da República". Ele, no entanto, não apoia formalmente o documento que faz duras críticas à decisão do ministro do STF e deixa no ar até uma ameaça. "A manutenção (da liminar) pode acarretar consequências danosas e imprevisíveis para a preservação da higidez da democracia do Brasil". 

Participaram do encontro no Jaburu os líderes das bancadas Jovair Arantes (PTB), Paulinho da Força (SD), e Leonardo Picciani (PMDB). Também marcaram presença os deputados Baleia Rossi, presidente do PMDB de São Paulo, e Maurício Quintella (AL), ex-líder do PR na Câmara. Aliados e articuladores de Temer, os ex-ministros Geddel Viera Lima e Eliseu Padilha também ajudaram no texto.

Os deputados estavam "indignados" com o Teori e ventilaram até a possibilidade de "descumprir a decisão", mantendo Eduardo Cunha como presidente da Câmara à revelia do Supremo. Temer, porém, ponderou que era preciso "respeitar a decisão de Teori". O vice-presidente não assina a nota. 

A assessoria de Comunicação da Vice-Presidência da República afirma que Temer "não avalizou ou apoiou" o documento e que simplesmente respeitou a decisão dos deputados em divulgá-lo. A assessoria ressaltou ainda que é comum parlamentares usarem o Palácio do Jaburu para se reunirem. 

O texto final e as assinaturas da nota ainda não foram concluídos. Confira trecho obtido pelo Estado: "Recebemos com elevada preocupação a notícia que de um ministro do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática, determinou o afastamento do presidente de um poder da República e de um parlamentar federal em pleno curso do seu mandato."