Em reunião, 'centrão' decide não judicializar eleição para Presidência na Câmara

Entretanto, parlamentares não desistiram de antecipar em dois dias a votação, marcada pelo presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), para a próxima quinta-feira, 14

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Por Julia Lindner
Atualização:
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) Foto: Dida Sampaio/Estadão

BRASÍLIA - Líderes do "centrão" decidiram não judicializar a decisão do presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), de manter a eleição para a presidência da Casa na próxima quinta-feira, 14. Eles não desistiram, contudo, de antecipar a votação para terça-feira, 12, como a maioria havia definido durante reunião de líderes. Após encontro na liderança do PTB, nesta sexta-feira, 8, os parlamentares solicitaram uma reunião da Mesa Diretora da Casa na próxima segunda, 11, às 15h, para buscar um consenso com o presidente.

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Aliados do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ainda consideram que podem convencer Maranhão a mudar de ideia e revogar a sua decisão. Eles defendem que seria arriscado realizar uma votação às vésperas do recesso branco, que começa no próximo dia 18. Os parlamentares disseram ainda que não confiam em Maranhão e que as atitudes do presidente demonstram que ele não pretende realizar a sessão nem mesmo na quinta-feira. Nesta sexta-feira, 8, após funcionários da Casa começarem a montar a estrutura para a eleição, Maranhão mandou recolher as urnas.

Nos corredores da Casa, há um impasse. O líder do PSD, Rogério Rosso (DF), aliado do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e principal nome para a sua sucessão, disse que concluíram que a decisão dos líderes é claramente soberana e será mantida. Apesar de dizer que vão ignorar a decisão do presidente interino, ele não soube explicar como a ação será na prática, já que o presidente seria o responsável por comandar a sessão extraordinária, conduzir os trabalhos e providenciar a estrutura mínima para a realização da eleição.

Já a outra parte da base aliada do presidente em exercício Michel Temer, como PSDB e DEM, argumentou que o regimento da Câmara determina que cabe ao presidente da Casa determinar a data e o dia da eleição do sucessor ao cargo. Segundo o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), ele se encontrou com o presidente interino há pouco, o qual garantiu que a reunião será mantida na quinta-feira. Para ele, Maranhão está cumprindo o regimento e está agindo com bom senso ao estabelecer o prazo de votação.

O primeiro-secretário da Casa, Beto Mansur (PRB-SP), participou da reunião do "centrão" e buscou defender um equilíbrio entre as partes. Segundo ele, a única preocupação da Mesa é assegurar que a eleição ocorra na próxima semana, entre terça e quinta-feira. Ele defendeu que Maranhão participe do encontro da Mesa para negociar com os líderes e sugeriu uma data de consenso, que seria na quarta-feira, 12. Para assegurar que a votação ocorra, ele ainda deve sugerir que Maranhão coloque um membro da Mesa como responsável pela organização da eleição.

Mais cedo, Rosso e o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) tentaram, sem sucesso, convencer Maranhão a aceitar a decisão do colégio de líderes. Eles chegaram a dizer que iriam judicializar o ato, porém recuaram ao constatar que um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) poderia postergar ainda mais a eleição. Além de Rosso e Marun, participaram da reunião do "centrão" o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), o líder do PR, Aelton Freitas (MG), o vice-presidente da Casa, Fernando Giacobo (PR-PR).