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Em Recife, eleitores já guardam lugar para velório de Campos

Autoridades preparam missa campal e preveem multidão maior que as 80 mil pessoas que foram ao funeral de Arraes, avô do candidato

Por Angela Lacerda , Daiene Cardoso e João Domingos
Atualização:

Nove anos após a morte do ex-governador Miguel Arraes, o cerimonial do Palácio do Campo das Princesas e a Casa Militar de Pernambuco estimam que o funeral de seu neto, Eduardo Campos, mobilize uma multidão maior que as 80 mil pessoas que acompanharam, em 2005, o cortejo até o Cemitério Santo Antônio. As autoridades preveem que, se os restos mortais do candidato do PSB à Presidência e das demais vítimas do acidente aéreo ocorrido na quarta-feira, em Santos (SP), forem liberados até amanhã, o sepultamento possa ocorrer na tarde de domingo.

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As imediações do Campo das Princesas, sede do governo estadual, foram isoladas e desde ontem admiradores do ex-governador de 49 anos se aglomeram na praça em frente ao palácio. Como o velório será coletivo (mais informações abaixo), a cerimônia pode ser realizada no interior do prédio ou na área externa. Está prevista também uma missa campal, que será celebrada pelo arcebispo de Olinda e Recife, d. Fernando Saburido.

O volume de pessoas na despedida de Campos deve superar o de Arraes, considerado até então o de maior comoção popular em Pernambuco. Há informações de que caravanas vindas do interior do Estado estão sendo organizadas para a cerimônia. Fora isso, políticos e autoridades de todo o País devem ir ao Recife para o funeral. Ao renunciar ao governo, em 4 de abril, para se dedicar à campanha presidencial, Campos reuniu 15 mil pessoas diante do palácio.

Imediações do Campo das Princesas, sede do governo estadual, foram isoladas Foto: Ed Ferreira/Estadão

 

Mausoléu. Uma das filhas do ex-governador Miguel Arraes autorizou nesta quinta-feira a alteração do jazigo da família para que seja enterrado o corpo do ex-governador Eduardo Campos (PSB). Será montada uma nova gaveta funerária, que vai elevar o jazigo em 80 centímetros.

No fim da tarde, o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB) disse que a data do funeral é incerta e "não está condicionada à vontade de ninguém". "Só podemos dar uma previsão. A confirmação só vai poder ser feita no fim dos trabalhos (de reconhecimento dos corpos)", afirmou. "A previsão é para sábado. Se houver condição de transporte dos corpos no sábado, é provável que o velório seja realizado ainda no dia e o enterro, no domingo. Mas é apenas uma previsão, nossa atenção está voltada para as famílias."

Segundo o governo local, foi oferecido um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para o traslado dos corpos. Assim que chegarem na base aérea de Recife, devem seguir em carro funerário até a sede do governo. Se isso ocorrer no sábado, o velório será realizado até a tarde de domingo.

O cerimonial estuda a possibilidade dos restos mortais de Campos seguir em carro aberto do Corpo de Bombeiros até o cemitério, como ocorreu no funeral de Arraes. A população poderá seguir o cortejo a pé.

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Comoção. Em clima de consternação, admiradores de Arraes que aprenderam a gostar de Campos passaram o dia à espera de informações sobre o início do funeral do ex-governador.

"Trabalhei com o avô dele. Eduardo era uma pessoa simples, considerado quase como da família", disse o aposentado João Romão, de 66 anos, que chegou às 6 horas. "Ele foi um ótimo governador. Gosto dele, ele é gente boa", afirmou o aposentado Marcelo Mello dos Santos, de 49 anos, que também esteve na cerimônia de desincompatibilização de Campos.

Os admiradores falavam da dor da perda do político que aprenderam a respeitar nos últimos anos. Cosme Eugênio da Cruz, de 76 anos, saiu de Bom Jardim, no interior do Estado, e dormiu na praça para esperar o velório. "Arraes era para mim como um pai. Ele deu liberdade ao povo do campo", afirmou. 

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