Belo Horizonte - Napoleão Ruas acorda às 4 horas para ir trabalhar em sua banca de jornal no centro de Belo Horizonte e volta para casa às 21 horas. Mesmo assim, não ganha o suficiente para pagar faculdade para seu único filho de 20 anos. Aos 51 anos, Leda Santos concluiu o ensino médio e, graças a um programa do governo federal, está fazendo um curso técnico, com o qual acredita que aumentará sua renda e poderá se “aposentar com dignidade”. A diferença de perspectivas de Ruas e de Leda, ambos situados no patamar mais baixo de renda familiar da classe C (entre R$ 1.486 e R$ 3.630), indica por que o Ibope constatou profunda divisão nesse grupo de eleitores em cidades como Belo Horizonte, Rio e São Paulo. Leda acaba de arranjar emprego de operadora de caixa. “É só enquanto estudo. Depois conseguirei algo melhor”, diz ela, que faz curso técnico de Logística pela manhã. Depois de trabalhar a vida toda como vendedora, e de não ter podido estudar, Leda concluiu o ensino médio em 2012 e, graças à nota do Enem, ganhou bolsa para fazer o curso técnico pelo Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica (Sisutec).