Em documento, PT cobra coerência de Dilma

Resolução divulgada pelo diretório nacional pede diálogo entre governo e sindicatos para ‘impedir’ que ajuste retire direitos trabalhistas

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Por Ricardo Galhardo
Atualização:

São Paulo - Em resolução política aprovada na sexta-feira, em Belo Horizonte, o Diretório Nacional do PT cobra coerência entre o discurso adotado durante a campanha eleitoral e a prática nos primeiros dias do governo Dilma Rousseff. No texto de três páginas divulgado nesta terça-feira, 10, o PT diz apoiar o diálogo entre governo e movimentos sociais no sentido de “impedir” que o ajuste fiscal anunciado pelo governo recaia sobre direitos trabalhistas.

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“(O partido decide) Propor ao governo que dê continuidade ao debate com o movimento sindical e popular, no sentido de impedir que medidas necessárias de ajuste incidam sobre direitos conquistados – tal como a presidenta Dilma assegurou na campanha e em seu mais recente pronunciamento”, afirma o documento da cúpula petista.

O alvo do PT são as medidas provisórias 664 e 665, que restringem o acesso a direitos como seguro-desemprego, abono salarial e auxílio-doença.

Presidente Dilma Rousseff conversa com o ex-presidente Lula durante a cerimônia de comemoração do aniversário do PT Foto: Uarlen Valério/AFP

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O documento aprovado pela direção petista torna explícito o mal-estar causado pelas medidas em diversos setores do partido, principalmente entre as alas sindical e parlamentar que já trabalham no Congresso para flexibilizar as medidas.

A resolução propõe que a legenda recoloque na pauta do dia a criação de um imposto sobre grandes fortunas e uma ampla reforma fiscal como alternativas para reequilibrar as finanças públicas sem restringir direitos trabalhistas. A manutenção destes direitos foi uma das principais promessas de campanha de Dilma. Durante um ato em Campinas, na corrida eleitoral de 2014, a petista disse que não prejudicaria os trabalhadores “nem que a vaca tussa”.

Impeachment. O PT também defende a criação de uma ampla frente popular incluindo partidos de esquerda, movimentos e entidades com objetivo de “ampliar a governabilidade para além do Parlamento”.

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Na resolução, o partido aponta a necessidade de unificar “propostas democráticas” de reforma política para combater “o permanente flerte com o golpismo daquelas elites que não conseguem vencer nem convencer pelas ideias”.

O trecho faz parte da estratégia petista de usar as ameaças de impeachment defendidas por setores da oposição como catalisador para reunificar a tropa governista, hoje desagregada devido a divergências quanto aos ajustes fiscais, a disputa pela presidência da Câmara e as denúncias de corrupção investigadas pela Operação Lava Jato.

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