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Em discursos, senadores voltam a falar em 'golpe'; adversários de Dilma rebatem

Senador Gladson Cameli (PP-AC) anunciou o voto a fator da condenação da petista e reacendeu a discussão: 'Não vejo como golpe lutar pelo cumprimento das leis e da constituição. (...) Golpe é mentir para ganhar as eleições'

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Foto do author Beatriz Bulla
Foto do author Julia Lindner
Por Beatriz Bulla , Isadora Peron , Igor Gadelha , Rachel Gamarski e Julia Lindner
Atualização:
Senado Federal durante a última fase do processo de impeachment Foto: EFE

BRASÍLIA - As manifestações dos senadores na última etapa do impeachment da presidente Dilma Rousseff começaram marcadas pelo debate em torno do uso da expressão "golpe" para definir o processo. Primeiro a falar, o senador Gladson Cameli (PP-AC) anunciou o voto a fator da condenação da petista e reacendeu a discussão:"Não vejo como golpe lutar pelo cumprimento das leis e da constituição. (...) Golpe é mentir para ganhar as eleições".

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Aliados de Dilma reagiram e reforçaram o discurso da presidente afastada, de que não houve crime de responsabilidade e ela está sendo julgada pelo "conjunto da obra". "E não adianta ficarem irritados porque nós usamos a expressão "golpe". Não somos nós apenas, é o mundo inteiro, é a opinião pública mundial, são os grandes órgãos da imprensa do mundo", disse o senador Humberto Costa (PT-PE). O petista disse ainda que o Congresso "nunca engoliu Dilma". 

"Temos um golpe travestido de impedimento, cujo objetivo é tirar uma Presidente democraticamente eleita e substituir o projeto que ela defende por uma política que já foi derrotada nas urnas quatro vezes seguidas. Quatro vezes seguidas", disse Costa.

Enquanto os senadores pró-impeachment buscaram legitimar o processo de afastamento da petista, aliados de Dilma desqualificaram as acusações, questionaram a ausência de crime de responsabilidade e lembraram o nome do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apontado como algoz de Dilma. "Deixemos a hipocrisia de lado, senhoras e senhores - repito: deixemos a hipocrisia de lado. Não há ninguém neste plenário que acredite que Dilma Rousseff esteja sendo julgada pelos crimes que lhe são atribuídos na peça acusatória encomendada, sob medida, pelo partido derrotado nas últimas eleições", disse a senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM), apoiadora da presidente afastada.

Tucanos como os senadores Cássio Cunha Lima (PB) e Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, defenderam que o processo de impeachment de Dilma tem respaldo popular, pois o "povo foi às ruas" contra a gestão petista.

Cunha Lima argumentou que caso o impedimento não prosperasse no Congresso, Dilma seria cassada pela Justiça Eleitoral. "E é preciso dizer - e dizer desde logo - que, se não fosse o impeachment, a presidente Dilma cairia por decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Ela seria cassada pela Justiça Eleitoral, dado o volume de provas que lá já se encontram, provando que a eleição dela foi maculada", afirmou.

Ao todo, 66 senadores irão se manifestar entre a tarde de terça-feira e a madrugada da quarta. Não estão na lista de inscritos peemedebistas ligados ao governo do presidente interino, Michel Temer, como o presidente em exercício do PMDB, Romero Jucá.

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Diferente de segunda-feira, quando Dilma respondia perguntas dos congressistas, o plenário do Senado tem se mantido esvaziado durante os discursos de senadores. Muitos parlamentares permanecem em seus gabinetes ou no chamado 'cafézinho' da Casa e só entram no plenário próximo da hora de seu próprio pronunciamento. As galerias, que já foram ocupadas por uma claque de ex-ministros, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo compositor Chico Buarque também ficaram esvaziadas.