Em BH, Ananias minimiza mensalão e diz que 'PT não está em julgamento'

Candidato à prefeitura negou nacionalização da disputa na capital e defendeu trajetória do partido

Por Wilson Tosta
Atualização:

BELO HORIZONTE

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- Ex-prefeito da capital mineira (1993-1996), o advogado Patrus Ananias (PT) tenta voltar ao cargo com um discurso em que destaca a proximidade com o governo federal, atestada pelo engajamento da presidente Dilma Rousseff em sua campanha. Nega, porém, que haja uma nacionalização da disputa em Belo Horizonte. Ele conta que eleitores lhe fizeram perguntas sobre o julgamento do escândalo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, mas defende o PT. “Pessoas podem cometer erros, eventualmente”, afirma, defendendo a trajetória do partido. “O PT não está em julgamento.”

É novo em Belo Horizonte uma campanha municipal se tornar nacional?

Patrus Ananias - Não é uma campanha nacional, não. ,Belo Horizonte é o centro da terceira região metropolitana mais importante do País. Numa campanha em Belo Horizonte, o principal, é claro, é se voltar para os problemas locais e manter a interlocução com o Estado e com o País, sobretudo hoje, quando o governo federal cumpre um papel muito importante no repasse de recursos vultosos para o Estado e a prefeitura. Isso não existia antes. Quando fui prefeito, por exemplo, não tinha um repasse do governo federal, a não ser os repasses constitucionais restritos para a educação e a saúde. O que tem em Belo Horizonte e Minas Gerais hoje para políticas sociais, por exemplo, são as políticas sociais do governo Lula. O que tem em Belo Horizonte hoje de Bolsa Família, restaurante popular, centros de referência e assistência social, benefício de prestação continuada, outras obras e programas sociais, foi o governo federal, com uma participação muito pequena, como contrapartida, tanto do governo estadual e municipal. Isso é no Brasil inteiro. Então, em uma cidade como Belo Horizonte, é preciso contextualizar também o quadro nacional.

O senhor acha que o julgamento do mensalão, em curso no STF, prejudica de alguma forma a sua campanha?

Patrus Ananias - Olha, lutamos contra a ditadura. Eu lutei, muitos de nós lutamos. Lutamos pelo Estado democrático de direito. Sou advogado, sou professor de direito, defendo as instituições. E espero que as denúncias sejam processadas diretamente, dentro do princípio do devido processo legal. Não acredito que atinja diretamente as eleições, embora como cidadão eu registre, não possa deixar de registrar. E há uma interrogação para a história: por que esse julgamento ocorreu, está ocorrendo, exatamente no período eleitoral. Pessoas podem cometer erros, eventualmente. O PT é uma instituição nacional hoje, com 33 anos de serviços prestados ao Brasil.

Algum eleitor cobrou algo em relação ao julgamento, durante a campanha?

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Patrus Ananias - Não. Alguns perguntaram em forma de esclarecimento. Agora, quero enfatizar isso: o PT não está em julgamento, não está em julgamento o governo do presidente Lula, que disputa para entrar para a história como melhor governo do Brasil. Assim como eu, são milhares de militantes do PT , os mais anônimos , mas que ocuparam cargos relevantes, como o meu caso em Belo Horizonte, não têm uma denúncia, um processo, um questionamento do ponto de vista ético-legal. Então, é claro que o partido está muito além.

Se houver segundo turno, o senhor vai tentar trazer de novo a presidente Dilma para a campanha?

Patrus Ananias - Vai depender da agenda dela. O que posso dizer é que ela é sempre muito bem-vinda a Belo Horizonte, como cidadão belo-horizontina, como cidadã mineira e como presidenta da República que tem repassado os recursos mais significativos para Minas Gerais e Belo Horizonte. Se houvesse maior entrosamento, essas parcerias poderiam ser muito maiores. Neste momento estou trabalhando para ir ao segundo turno. Como dizia Tancredo Neves: a cada dia sua agonia. Eu prefiro dizer: a cada dia também a sua alegria.

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