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‘Em 2018, se o PSB tiver apoio de Alckmin, melhor’, diz Paulo Câmara

Vice-presidente da sigla e governador de Pernambuco diz que ‘grande aposta’ da legenda é o vice-governador Márcio França para comandar São Paulo

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Por Erich Decat
Atualização:

BRASÍLIA - Herdeiro político de Eduardo Campos, o governador de Pernambuco e vice-presidente nacional do PSB, Paulo Câmara, defendeu ao Estado a possibilidade de um acordo com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para que o vice-governador paulista Márcio França (PSB) seja o candidato do tucano à sucessão no Palácio dos Bandeirantes em troca do apoio do PSB à sua eleição. Veja a seguir trechos da entrevista.

Governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) Foto:  

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Quais são as pretensões do PSB em 2017? Em 2017 vamos nos preparar para 2018. O partido tem um legado, uma proposição que foi trabalhada pela campanha do Eduardo Campos (morto em acidente aéreo nas eleições de 2014). Queremos trabalhar esta pauta, revisá-la e apresentá-la. A partir disso, o partido vai ver o caminho que vai tomar. A retomada da pauta nacional é o grande desafio do PSB para 2017.

Depois da morte do Eduardo Campos, não falta alguém com um apelo nacional para levar essas bandeiras? Como conseguir esse carimbo nacional?O caminho é o partido falar mais. Hoje temos muita gente falando de forma individual. Acho que chegou o momento de todas essas vozes trabalharem conjuntamente para uma estratégia nacional. O partido vai agora, após as eleições municipais, se colocar mais no debate da pauta nacional e se colocar à disposição dos governantes para discutir o futuro.

Com qual finalidade? Construir um espaço para 2018 que pode ser uma candidatura própria ou uma que una as ideias e pensamentos dessa esquerda democrática, para ver uma alternativa para o futuro.

Para isso, haverá aliança com PSDB? Primeiro temos de discutir as nossas pautas. E, em havendo confluências de opiniões e de caminhos, é possível se discutir com outros partidos. Mas o momento não é de se trabalhar candidaturas pessoais, mas de discutir uma pauta nacional.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pode ser uma opção? Nunca se discutiu com o governador Alckmin ou com o PSDB nenhuma estratégia para 2018. Nem dentro do PSB se discutiu isso. Mas temos uma aliança muito sólida em São Paulo, com o vice-governador Márcio França, muitos municípios de São Paulo também tiveram essa aliança. Temos expectativa do Márcio França ser governador e candidato ao governo. 

Com apoio do Alckmin? Ele será candidato. Com o apoio do Alckmin, melhor. Uma das grandes apostas que temos para 2018 é a candidatura do Márcio para também podermos ter, pela primeira vez, o comando do grande Estado que é São Paulo.

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Dentro de um possível apoio com o PSDB em 2018, há alguma restrição de aliança com o senador Aécio Neves? Não existe restrição desde que haja confluências de pensamento nessa pauta nacional que estamos construindo. Evidentemente, temos uma relação hoje mais sólida com o PSDB de São Paulo, onde a grande liderança é o Alckmin. Isso é uma discussão que vai avançar muito. Mas acho que o PSB tem de pensar em crescer, ter candidatura própria, se possível, em fortalecer palanques estaduais. São Paulo é uma prioridade para 2018. 

Acha viável uma candidatura do Alckmin pelo PSB em 2018? Acho muita especulação. Vemos uma relação muito sólida dele com o PSDB. Essa discussão nunca chegou no PSB.

O PSB desembarca do governo Michel Temer em 2017? Não há o porquê de o PSB desembarcar. A Executiva Nacional nunca pleiteou estar no governo federal. 

Ciro Gomes tem tentado criar um novo eixo de esquerda para a disputa de 2018. O PSB poderá fazer parte desse bloco? Não descartamos nenhum tipo de apoio, mas a gente também vai procurar o caminho que mais se aproxima do nosso pensamento.

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Como vê a candidatura dele para 2018? A última vez que ele foi candidato à presidente foi em 2002. Muita coisa mudou de lá para cá. A gente tem que ver exatamente qual é esse projeto do Ciro (Gomes). Querer ser candidato não é suficiente para a consolidação de um projeto nacional.

Acredita que o PT conseguirá ser competitivo na próxima eleição presidencial? Ele (o PT) sai muito fragilizado pelas denúncias e pelos resultados de 2016. Não se pode descartar, mas acho hoje muito improvável.

A PEC do Teto atende os anseios dos Estados, também atingidos pela crise? Entendemos que a PEC, da forma como foi apresentada, não garante a entrega de um produto. Ela precisa ser muito aperfeiçoada no tocante à qualidade dos gastos. Só a PEC não garante melhoria do serviço público, da qualidade dos gastos. Ela realmente pode provocar perdas em algumas áreas, como a previdência, a saúde e a educação. A gente entende que é importante acelerar a discussão do que é a qualidade dos gastos, mas não viu ainda nenhum movimento de se gastar melhor.

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Mas o governo Michel Temer tem cumprido o seu papel na economia? O governo Temer está começando. Apostou muito na PEC dos gastos. Dialogou mais com o Congresso do que com os governadores e prefeitos nesse momento inicial, o que é ruim. Eu disse para próprio presidente que estava à disposição e achava importante que ele ampliasse as conversas dentro de um pensamento do federalismo, que ele tem. Ele precisa aproveitar os dois anos do mandato para buscar ouvir todo mundo. O País é muito grande e tem muitas peculiaridades, tem desigualdades regionais enormes. E só se conhece isso vistando e conversando com as pessoas.

O governo precisa ouvir mais o governadores? Creio que sim. Os governadores estão à disposição, estão querendo ajudar. Pega a região Nordeste, que enfrenta o sexto ano de seca, ela precisa realmente de um olhar diferenciado. Tem muita obra federal parada que pode ser retomada.