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Eduardo Paes inicia campanha depois de maratona de inaugurações no Rio

Prefeito, que concorre à reeleição, fez um total de 36 inaugurações em 37 dias; Uma deles teve a presença de Dilma

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Por Redação
Atualização:

No primeiro dia da campanha eleitoral, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) encerrará nesta sexta-feira, 6, ao lado da presidente Dilma Rousseff, uma maratona de 36 inaugurações em 37 dias. Embora a entrega de unidades habitacionais em Triagem (Zona Norte) e da nova emergência do Hospital Miguel Couto, na Gávea (Zona Sul), sejam compromissos oficiais de prefeito, a presença de Dilma reforçará o discurso central da campanha da reeleição: os bons resultados da parceria entre município, Estado e União.

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O prefeito manteve as inaugurações depois de parecer favorável do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) emitido na tarde desta quinta-feira, 5. Na véspera, o procurador regional eleitoral do Rio, Maurício da Rocha Ribeiro, havia recomendado a Paes que não comparecesse, sob pena de ser processado por abuso do poder político.

Em resposta a uma consulta do PMDB, o TRE afirmou que "prefeitos municipais que sejam candidatos a reeleição podem comparecer a inaugurações de obras públicas antes do dia 7 de julho". Alertou, porém, que "não pode haver pedidos de votos nem manifestações públicas de apoio a candidaturas durante o evento, o que pode gerar um processo por conduta vedada a agente público".

Paes se beneficia de uma brecha na lei que marcou o início da campanha para 6 de julho, mas impediu a presença de candidatos em inaugurações somente a partir do dia seguinte, 7 de julho, três meses antes da eleição. "Não é brecha, é burla à lei", sustenta o procurador, que, em ofício enviado ao prefeito, apontou "inequívoca ameaça ao princípio constitucional da máxima igualdade entre os candidatos".

Para Ribeiro, "no dia 6 de julho Paes já é candidato", pois registrou a candidatura no TRE. "Se o prefeito fosse à inauguração sem a presidente, seria em tese menos grave, embora também fosse vedado. Mas se ele aluga a imagem da presidente Dilma e do governador Sérgio Cabral, poderá responder por abuso do poder político e propaganda irregular", afirma Maurício Ribeiro.

Inaugurações. Do primeiro gatil da cidade à via expressa Transoeste, entre 1º de junho e 6 de julho, o prefeito participou de 18 inaugurações na Zona Oeste, que concentra 40,2% do eleitorado carioca, 11 na Zona Norte (47,1% dos eleitores), quatro no centro e zona portuária (2,4%) e três na Zona Sul (10,2%).

Paralelo à exaltação da parceria com os governos estadual e federal, Eduardo Paes adota o discurso do prefeito realizador, com a urbanização da zona portuária e a construção de três grandes vias expressas, além de intervenções menores na periferia. A maior parte das grandes obras, no entanto, ainda está em andamento. Mesmo assim, o prefeito inaugurou "o início das obras" da via expressa Transolímpica, na Zona Oeste, e do túnel da Saúde, na zona portuária. Também esteve na inauguração de um mergulhão (túnel que passa por baixo das ruas) na Transcarioca (Zona Oeste), ainda em construção.

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Já a Transoeste, um investimento de R$ 900 milhões da prefeitura, foi concluída e inaugurada por Paes no dia 6 de junho, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Quem me elegeu prefeito dessa cidade, tenho que confessar, foi esse povo aqui da Zona Oeste", discursou o prefeito na ocasião.

Coordenador da campanha de Paes, que lidera uma coligação de vinte partidos, o vice-prefeito, Carlos Alberto Muniz, diz que a maratona de inaugurações das últimas semanas "não é campanha, é resultado do

trabalho desses anos". Lembra, por exemplo, que Paes construiu mais de 60 clínicas da família. Três delas foram inauguradas nos últimos dois dias, em solenidades que não faziam parte da agenda prévia do prefeito. "Fizemos um conjunto de obras na Zona Oeste e na Zona Norte porque têm as maiores carências, mas não abandonamos as outras áreas Não tem a ver com o processo eleitoral, mas com o resgate do papel do poder público", sustenta Muniz.

Para o professor da PUC-RJ Cesar Romero Jacob, especializado em análises eleitorais, Paes recorre a formas diferentes de alcançar cada tipo de morador da cidade. "As inaugurações estão concentradas na

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metade norte da cidade porque é a área que tem mais demandas, mas o prefeito procura marcar presença em todos os cantos. Com a Rio+20, ele fez um grande investimento político na Zona Sul: prestigiou os eventos paralelos em Copacabana e no Aterro do Flamengo, circulou com o prefeito de Nova York", diz o pesquisador, que elaborou com sua equipe o mapa da eleição carioca de 2008.

Segundo Romero, na eleição passada "os papéis se inverteram". Eduardo Paes, ex-PFL (hoje DEM) e ex-PSDB, que tinha bom trânsito no eleitorado mais conversador, conquistou as áreas mais pobres da cidade e teve maiores proporções de voto (entre 28% e 39%) em bairros das Zonas Norte e Oeste. Gabeira, com trajetória na esquerda, ganhou o voto conservador da Barra da Tijuca e Tijuca (áreas nobres das Zonas Oeste e Norte) e da Zona Sul. Em alguns bairros, Gabeira chegou a mais de 50% e até 64% dos votos.

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