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Edinho diz confiar que Temer unifique o PMDB em nome da governabilidade

O Planalto tenta atrair o vice, que é advogado constitucionalista, para a defesa jurídica contra o impeachment, mas ele não participou nem mesmo da reunião de Dilma com 23 ministros, nesta quinta-feira

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Por Vera Rosa e Isadora Peron
Atualização:
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República Edinho Silva Foto: Wilson Dias|Agência Brasil

Brasília - O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, disse confiar no empenho do vice-presidente Michel Temer no trabalho de reunificação do PMDB. Dois dias após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitar o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, também do PMDB, anunciou sua saída do governo. Padilha é o ministro mais ligado a Temer e seu pedido de demissão foi interpretado no Palácio do Planalto como o primeiro passo para o descolamento do vice e o desembarque do PMDB da equipe. Edinho, porém, tentou pôr panos quentes na nova crise política. "Eu penso que a maior liderança do PMDB é o vice-presidente Michel Temer e ele vai trabalhar para unificar o partido, que, depois do PT, é o que tem maior número de ministérios e possui papel fundamental na governabilidade", afirmou o ministro da Comunicação Social ao Estado. Atualmente, o PMDB comanda 7 dos 31 ministérios.

O Planalto tenta atrair Temer, que é advogado constitucionalista, para a defesa jurídica contra o impeachment, mas o vice não participou nem mesmo da reunião de Dilma com 23 ministros, nesta quinta-feira. Nos bastidores, os interlocutores do vice dizem que a presidente e ele continuam muito distantes e que a defesa do governo cabe à Advocacia Geral da União (AGU). "O governo tem clareza da importância do vice-presidente. Ele sempre assumiu tarefas na construção da governabilidade e penso que agora não será diferente", comentou Edinho. "Michel Temer tem uma biografia brilhante, capacidade de diálogo muito grande e essa capacidade será colocada em prol da construção da governabilidade, para que possamos superar esse momento de dificuldade". Eliseu Padilha acumulou a Secretaria da Aviação Civil com a articulação política do governo Dilma de abril a setembro, quando deixou a função juntamente com Temer, que coordenava essa área. Os dois entraram em atrito com o PT e com o então chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, hoje no Ministério da Educação. Para piorar a situação, Padilha não escondeu o descontentamento, nos últimos dias, com o fato de Dilma ter retirado a nomeação do técnico Juliano Alcântara Noman, seu indicado para a diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A nomeação ocorreu no dia 23 de novembro, mas logo depois, em 1.º de dezembro, a presidente decidiu voltar atrás. O motivo para o recuo foi um pedido do senador Vicentinho Alves (PR-TO), que quer emplacar na Anac um afilhado seu, Professor Georges. Além disso, o ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Valmir Campelo pressiona o governo pela nomeação de seu filho Ricardo Maia Bezerra, que já ocupou a diretoria da Anac em 2010, no governo Lula. Na reunião de Dilma com 23 ministros, nesta quinta-feira, Padilha não deu uma palavra. Embora o ministro já planejasse deixar a equipe em março de 2016 - quando o PMDB fará uma convenção nacional e ameaça se divorciar do governo, entregando todos os cargos -, a "desnomeação" de seu afilhado precipitou a saída.