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'Duvido que ele faça uma delação', diz Temer sobre Rocha Loures

Em entrevista à revista Istoé, presidente negou que esteja perdendo apoio no Congresso e admitiu que poderia trocar comando da Polícia Federal

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Por Redação
Atualização:

O presidente Michel Temer (PMDB) negou, em entrevista à revista Istoé publicada nesta sexta-feira, 2, que tenha medo de uma eventual delação do seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, flagrado em vídeo correndo com uma mala com R$500 mil. Na avaliação do presidente, o deputado suplente - que perdeu a vaga na Câmara após o retorno do ex-ministro Osmar Serraglio - é "uma pessoa decente". 

Presidente Michel Temer (PMDB) duvida que Rocha Loures fará delação Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO

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"Acho que ele é uma pessoa decente. Eu duvido que ele faça uma delação. E duvido que ele vá me denunciar. Primeiro, porque não seria verdade. Segundo, conhecendo-o, acho difícil que ele faça isso", afirmou Temer, antes de ponderar. "Agora, nunca posso prever o que pode acontecer se eventualmente ele tiver um problema maior, e se as pessoas disserem para ele, como chegaram para o outro menino, o grampeador (Joesley): 'Olha, você terá vantagens tais e tais se você disser isso e aquilo'." 

Embora tenha perdido a prerrogativa de foro após a perda de mandato parlamentar, Rocha Loures ainda tem seu processo correndo no Supremo Tribunal Federal (STF) devido à ligação dos fatos suspeitos ao presidente. Questionado sobre a mala de dinheiro que seu ex-assessor carregava, Temer afirmou achar "surpreendente" e até uma "ingenuidade suprema"

"Não sei a que atribuir isso, se atribuo à ingenuidade suprema, porque o sujeito pegou uma mala numa pizzaria", disse. Segundo a revistas, o presidente mandou instalar em seu gabinete aparelhos que podem identificar possíveis grampos.

SUPREMO EM PAUTA: STF PODE NÃO ENTREGAR LOURES PARA 1A INSTÂNCIA

Mesmo após conversas de alas do PSDB pedindo a saída do partido da base aliada, Temer negou que esteja perdendo apoio. "Não estou perdendo apoio. O que eu vejo é muito achismo. E achismo no sentido de que o governo paralisou, o País não vai para frente", afirmou o peemedebista.

O presidente admitiu que poderia trocar o comando da Polícia Federal, caso essa seja a decisão do novo ministro da Justiça, Torquato Jardim. "Pode ser que o novo ministro levante os dados todos que ele julgue convenientes e venha conversar comigo sobre isso", afirmou. Temer, porém, negou que essa mudança seria mal interpretada.

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"Só seria mal interpretada se você dissesse assim: só existe uma pessoa na Polícia Federal capaz de comandá-la. Mas isso desmerece a instituição e tenho certeza que o próprio diretor não pensa dessa maneira", disse, afirmando que não haverá interferências na Operação Lava Jato.

Questionado se considera arbitrária a postura do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Temer não quis dizer responder. "Olha, eu prefiro não comentar. E acho que isso já dá uma boa resposta, não é verdade?", disse na entrevista.

O peemedebista comparou, ainda, a sua situação com a da presidente cassada Dilma Rousseff às vésperas do impeachment. Para ele, há duas diferenças entre os dois: no caso da petista, "havia milhões de pessoas nas ruas" e "não havia mais apoio do Congresso Nacional."

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"No meu caso, não. O Congresso está comigo. A oposição que se faz não é quanto ao conteúdo das reformas, mas uma oposição política", acredita. 

Indagado sobre se arrepende de algo desde que assumiu a Presidência da República, Temer disse que não se arrepende de nada porque sempre pautou sua vida com critérios rígidos de comportamento administrativo e institucional, mas fica preocupado com a tentativa de jogarem seu nome na lama.