Durante diplomação, Dilma propõe 'pacto nacional contra corrupção'

Presidente recebeu o diploma como mandatária reeleita no TSE e disse que Petrobrás é maior do que crise

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Por Tania Monteiro , Beatriz Bulla e Vera Rosa
Atualização:
A presidente Dilma Rousseff, ao lado do presidente do TSE, Dias Toffoli, recebe a diplomação em solenidade no TSE Foto: Dida Sampaio/Estadão

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff propôs um “pacto nacional contra a corrupção” e defendeu a Petrobrás, alvo de investigações da Operação Lava Jato, ao receber o diploma como mandatária reeleita, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, nesta quinta-feira, 18. Visivelmente emocionada, Dilma afirmou que a Petrobrás e o Brasil são maiores do que qualquer crise. “Temos de punir as pessoas, não destruir as empresas. Temos de punir o crime, não prejudicar o País e sua economia. Temos que fechar as portas, todas as portas, para a corrupção. Não temos que fechá-las para o crescimento, o progresso e o emprego.”

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Dilma também fez um duro discurso defendendo a ética e condenou a corrupção que “corrói nossas entranhas” do País, ressalvando, no entanto, que este “não é um defeito ou vício exclusivo de um partido ou uma instituição” ou de quem “compartilha momentaneamente do poder”. Em sua fala, a presidente justificou que está enfrentando a situação “com destemor”, propôs “converter a renovação da Petrobrás em energia transformadora no nosso País”, prometeu “apurar com rigor os malfeitos” e “implantar a mais eficiente estrutura de governança e controle que uma estatal já teve no Brasil”. E emendou: “Reservo para meu discurso de posse o detalhamento das medidas que vamos tomar para garantir mais crescimento, mais desenvolvimento econômico e mais progresso social para o Brasil”.

Dilma citou seis vezes a palavra corrupção em seu discurso e a comparou à escravidão. Propôs um “pacto” contra esta “herança nefasta”, cujo “traço marcante é a não dissolução plena dos laços mais nocivos entre o que é público e o que é privado” e disse que ela precisa ser “jogada no lixo da história”.

Para a presidente, “chegou a hora de o Brasil dar um basta a este crime” que, na sua opinião, não vai ser combatido com “emocionalismo, nem tampouco com caça às bruxas, nem complacência, ingenuidade ou o conformismo”. Segundo Dilma, este pacto tem de desaguar em uma grande reforma política que tem de ser promovida a partir próximo ano, “envolvendo todos os setores da sociedade e esferas de governo”.

Falando para uma plateia que incluiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e José Sarney, Dilma não deixou de dar uma estocada na oposição. “É da própria natureza da eleição eleitoral resultar em vitória e resultar em derrota. Mas como eleição eleitoral não é uma guerra, ela não produz vencidos”, disse Dilma, lembrando que “o povo, na sua sabedoria, escolhe quem ele quer que governe e quem ele quer que seja oposição e é simples assim”. Para ela, “cabe a quem foi escolhido para governar, governar bem, e a quem foi escolhido para ser oposição, exercer da melhor forma possível o seu papel”.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Dias Toffoli, por sua vez, também mandou recado para a oposição ao descartar a possibilidade de que qualquer ação na Justiça seja capaz de impedir o exercício do próximo mandato pela presidente Dilma. "Não há terceiro turno na Justiça Eleitoral. Que os especuladores se calem, não há espaço", disse ele, no mesmo dia em que o PSDB entrou com ação de investigação judicial para tentar cassar o registro de candidatura de Dilma. Para ele, as eleições de 2014 são "página virada" para o Poder Judiciário Eleitoral.

Petrobrás. Ao citar que “alguns funcionários da Petrobrás foram atingidos no processo de combate à corrupção”, Dilma reconheceu que é preciso “criar mecanismos que evitem fatos como esses possam novamente se repetir”. A presidente fez questão de defender a Petrobrás, dizendo que “é a empresa mais estratégica para o Brasil e que é a que mais contrata e investe no País” e que, é preciso saber “apurar e saber punir, sem enfraquecer a Petrobrás, sem diminuir a sua importância para o presente e para o futuro”. Depois de ressaltar a importância da “melhoria da governança da Petrobrás”, Dilma declarou que “toda vez que no Brasil se tentou condenar e desprestigiar o capital nacional, estavam tentando na verdade dilapidar o nosso maior patrimônio, nossa independência e nossa soberania”.

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