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Doleiro passou nomes para citar em depoimento, diz Careca

'Entregador de malas' de Youssef diz que foi orientado na cadeia; em novembro, agente havia citado Anastasia e Cunha

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Foto do author Julia Affonso
Foto do author Fausto Macedo
Por Ricardo Brandt , Julia Affonso , Fausto Macedo e CURITIBA
Atualização:

O agente da Polícia Federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, disse à Justiça Federal no Paraná, base da Operação Lava Jato, que o doleiro Alberto Youssef lhe passou nomes e endereços que deveria citar em seu primeiro depoimento à força-tarefa, em novembro de 2014. Anteontem, ao ser interrogado pelo juiz Sérgio Moro, o policial contou que o delegado da Polícia Federal Márcio Anselmo lhe disse que se não prestasse nenhuma colaboração "ia ficar preso até o dia da audiência". Segundo ele, o delegado da Polícia Federal o orientou a falar com o doleiro na Custódia da PF em Curitiba. Ali, os dois, Jayme Careca e Youssef, eram vizinhos de cela.

O policial federalJayme Alves de Oliveira Filho, o Careca,afirmou também no depoimento ao juiz Sérgio Moro que era "apenas um office boy" de Youssef Foto: Divulgação

"Vai que o Alberto (Youssef) vai lhe ajudar a fornecer os nomes. (O delegado) Me forneceu uma carga de caneta e um pedaço de papel. Voltei para a carceragem, no dia seguinte eu ia ser ouvido e assim eu fiz. Fiquei lá, minha cela era ao lado da dele (Youssef), falou endereço tal era fulano, beltrano e tal e eu fui anotando mecanicamente, era tanto, não era tanto...", disse Careca. "Apresentei os nomes que me forneceram, os valores, e passei adiante aquilo." Em novembro, Careca afirmou ter entregue R$ 1 milhão ao senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), a pedido de Youssef. O agente contou ainda ter entregue dinheiro em uma casa, no Rio, que teria como destinatário o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na ocasião, por meio de seu advogado, o criminalista Antônio Figueiredo Basto, o doleiro Youssef negou que tivesse mandado entregar R$ 1 milhão para o senador tucano. Anastasia e Cunha são investigados em inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal. Eles rechaçam qualquer relação com o esquema de corrupção na Petrobrás. Perante à Justiça Federal no Paraná, em depoimento prestado segunda-feira, Careca não citou nomes de parlamentares. Ele voltou a dizer que não sabia a identidade das pessoas a quem entregava "pacotes" por ordem de Youssef.'Office boy'. O policial federal afirmou também no depoimento ao juiz Sérgio Moro que era "apenas um office boy" de Youssef. Careca é acusado de ser "entregador de malas de dinheiro" a políticos por ordem do doleiro. Ele teria realizado pelo menos 31 entregas em espécie. Conforme a contabilidade do doleiro, o policial entregou cerca de R$ 13 milhões, além de US$ 900 mil e mais 365 mil. Segundo Careca, Youssef lhe pagava entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil por serviço.

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