Dissidentes do PSDB e PSB desistem de ir para o PSL

Ida do deputado Jair Bolsonaro (RJ) para ser candidato à Presidência fez grupo de pelo menos outros 12 deputados federais desistir de se filiar à legenda

PUBLICIDADE

Por Igor Gadelha
Atualização:
Deputado Federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) Foto: Dida Sampaio|Estadão

A ida do deputado Jair Bolsonaro (RJ) para o PSL para ser candidato à Presidência da República pelo partido fez um grupo de pelo menos outros 12 deputados federais desistir de se filiar à legenda. O grupo era formado principalmente por parlamentares jovens dissidentes do PSDB e PSB. 

PUBLICIDADE

Capitaneados pelo deputado Daniel Coelho (PSDB-PE), esses parlamentares negociavam a filiação com a ala do PSL intitulada de "Livres", tendência libertária que comandava 12 diretórios estaduais e que era liderada por Sérgio Bivar, filho do deputado federal e ex-presidente da legenda Luciano Bivar (PE).

+++ Câmara gasta mais com 'voo' eleitoral de Bolsonaro +++

Nas conversas, Bivar prometia aos deputados que o PSL mudaria o nome para "Livres" e que o novo partido passaria a atuar como uma espécie de "movimento", com viés liberal tanto na economia quanto na política. "Não ia ser um partido de caciques comandando e o resto sabendo depois", disse Coelho ao Estadão/Broadcast.

Os deputados do PSDB que conversaram com o PSL fazem parte da ala conhecida como "cabeças-pretas", tucanos mais jovens que demonstram descontentamento com o governo Michel Temer. Entre eles, estavam o próprio Coelho, Pedro Cunha Lima (PB), Mariana Carvalho (RO) e Pedro Vilela (AL). 

+++ Lula, Temer e Bolsonaro são os políticos mais pesquisados no Google +++

"Quando eles (PSL) procuraram esse grupo de pessoas para conversar, procuraram com um proposta de que o partido seria diferente, viraria Livres, com mudança do estatuto. Um partido que teria instrumentos de participação da sociedade, que seria moderno. Mas acho que abortaram essa ideia", afirmou Daniel Coelho.

Publicidade

Com a frustração com o PSL, o deputado disse que conversa com outros 10 partidos, entre eles o Podemos, mas que ainda não tomou decisão se sairá do PSDB. "Minha prioridade é o PSDB, mas quero que o partido me permita, de fato, uma participação da ala mais jovem. Está tendo pouco diálogo conosco", afirmou. 

O tucano reclama que ele e Mariana perderam os espaços que tinham na executiva nacional, atualmente presidida pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidato ao Planalto pela legenda. "Até colocaram pessoas jovens de idade, mas que não têm a mesma posição nossa", declarou.

Segundo Coelho, os senadores Aécio Neves (MG) e Tasso Jereissati (CE) tentaram aumentar o diálogo com os cabeças-pretas quando presidiram o partido. "Dali para frente não houve diálogo, e agora estamos sem saber os rumos que tomará o partido. Antes, era consultado. Agora sei dos movimentos pela imprensa", reclamou.

Mariana, Cunha Lima e Vilela também decidiram, por ora, permanecer no PSDB. A deputada, que foi vice-presidente nacional do PSDB até o ano passado, assumiu a presidência do partido em Rondônia e analisa possível candidatura ao governo do Estado. 

PUBLICIDADE

Comando. Bolsonaro acertou a ida para o PSL no início de janeiro. Como é deputado federal, ele e os integrantes de seu grupo que são parlamentares só vão se filiar oficialmente em março, durante a janela para livre troca de partidos, sem rico de perda de mandato. Na negociação, ele exigiu ter o comando da sigla, o que já foi efetivado.

Em convenção na última segunda-feira, 5, Luciano Bivar pediu licença da presidência do PSL até novembro. No lugar dele, assumiu interinamente Gustavo Bebiano, advogado de Bolsonaro. Ele deve ficar no cargo até abril, quando o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável, deve assumir o comando da sigla. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.