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Discriminação social marca geração pós-guerra

Embora região tenha monumentos e muitos estabelecimentos com o nome Contestado, famílias cablocas procuram negar envolvimento nos combates

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Por Redação
Atualização:

Nas cidades do oeste catarinense, o Contestado virou nome de universidade, gráfica, bar, lojas e mercearias. Placas nas estradas informam que o viajante está no Vale do Contestado. Em Caçador, o governo estadual mantém um museu dedicado ao conflito numa réplica da estação ferroviária de madeira da cidade. Mesmo com toda badalação em volta da história, as memórias da guerra ainda deixam encabulados os descendentes dos rebeldes.

 

 

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Desde o fim do conflito, famílias caboclas procuram negar envolvimento nos combates. A discriminação social marcou as gerações do pós-guerra. Em Fraiburgo, município dominado politicamente e economicamente por descendentes de europeus, os caboclos estão isolados no interior. Para chegar às suas casas, é preciso percorrer estradas margeadas por grandes plantações de maçãs. A pobreza das famílias caboclas é camuflada pelos bons índices de desenvolvimento humanos registrados no município.

 

Vivem na região onde existiu o reduto de Taquaruçu onze famílias de sobrenome Palhano. Elas mantêm culturas de subsistência e trabalham em frentes temporários nas plantações de maçãs. Ainda hoje, muitos avaliam que falar da guerra é um risco para quem necessita do emprego nas fruticulturas. As casas de madeira dos Palhano estão a cerca de dois quilômetros do local exato do antigo reduto.

 

Desde os anos 1950, os Palhano estão cercados pelas propriedades dos "gringos", como chamam os descendentes de italianos e alemães que compraram posses na região. "Os Palhano sofreram e sofrem muito preconceito", afirma a professora aposentada e "gringa" Lora de Lorenzi Felisbino, 62 anos. "Quando minha família se mudou para cá, muitos diziam: 'Vocês estão indo morar perto de bandidos'", conta a professora. "Eles (os Palhano) são pessoas muito tranquilas. Costumam dizer que trabalham apenas para viver. Diferentemente da gente, que viveria apenas para comprar o caixão."

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