Diretor de centro penitenciário do DF pede demissão

Exoneração ocorreu 'a pedido', mas teria sido motivada por discordância a benefícios concedidos a condenados do mensalão

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Por Redação
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Brasília - A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou nesta quarta-feira, 26, ter recebido o pedido de demissão do diretor do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Brasília, Afonso Emílio Alvares Dourado. A exoneração foi oficializada após o Ministério Público do DF pedir a apuração de supostas regalias concedidas ao ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que cumpre pena na unidade há cerca de um mês.

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A Secretaria de Segurança Pública informou desconhecer os motivos da exoneração do diretor. Disse que, no pedido, o diretor solicita o seu afastamento para voltar a exercer cargo na Polícia Civil, seu órgão de origem, sem dar detalhes dos motivos. Na manhã desta quarta-feira, Afonso Emílio, que está no cargo desde 2011, ainda dava expediente no CPP. Ao Estado, ele afirmou que não comentaria os motivos de sua saída, pois não tem autorização do Governo do DF. No CPP, a assessoria de imprensa explicou que ele alegou "motivos pessoais". O vice-diretor do CPP, Emerson Bernardes, também deixou o cargo, dias atrás.

O Ministério Público do DF requereu, na terça-feira, à Vara de Execuções Penais do DF que cobre providências ao governador Agnelo Queiroz (PT-DF) a respeito de supostas regalias aos condenados no mensalão. Caso não haja possibilidade de corrigir eventuais problemas, os promotores querem que o Supremo Tribunal Federal (STF) determine a transferência dos presos para presídios federais.

Conforme reportagens da revista "Veja" e do jornal "O Globo", os dois dirigentes da unidade prisional caíram após o vice-diretor mandar Delúbio raspar a barba. Ele teria direito a outras regalias, como cardápio diferenciado, que inclui feijoada, e visitas fora do horário. Teria sido motivo de embate com a direção do presídio ainda o fato de o carro da Central Única dos Trabalhadores (CUT), onde Delúbio trabalha, entrar na unidade prisional para deixá-lo, após o expediente. O ex-tesoureiro do PL (atual PR) Jacinto Lamas e do ex-deputado Carlos Rodrigues (PR-RJ) também cumprem pena na unidade.

Superfaturamento. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) ouve nesta quarta-feira, em audiência, o ex-deputado José Borba (PMDB) também para apurar supostas irregularidades em sua pena. Condenado a 2 anos e 6 meses de cadeia, ele conseguiu trocar a prisão por pena alternativa, que inclui a compra de material de construção para o Presídio Feminino do DF. A diretoria do presídio, no entanto, desconfiou que o material estava superfaturado e pediu apuração do caso. Perícia do Ministério Público constatou que o preço do tijolo comprado pelo ex-parlamentar é três vezes o praticado no mercado.

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