Diretor da CPTM não deve ser afastado, diz secretário

Titular da secretaria estadual de Transportes de São Paulo, Jurandir Fernandes, defende permanência de José Luis Lavorente no cargo

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Por Corrigido em 14.02 e às 16h16
Atualização:

São Paulo - O secretário estadual de Transportes, Jurandir Fernandes, afirmou nesta quinta-feira, 13, que o diretor de operações da Companhia de Trens Metropolitanos (CPTM), José Luis Lavorente, "não deve ser afastado". A afirmação foi feita durante coletiva de imprensa sobre a construção de corredor de ônibus e obras da CPTM, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo. Lavorente é o primeiro nome citado no relatório da Corregedoria-Geral da Administração (CGA), órgão do governo estadual responsável por apurar conduta de agentes públicos. O documento pede o afastamento de 15 funcionários do setor de transportes citados na investigação sobre formação de cartel de trens e metrô em São Paulo. No relatório, ele é mencionado como responsável pela assinatura de contratos de manutenção da companhia sob investigação. Além disso, é mencionado por "discrepância entre a declaração de bens feita ao Estado até 2005 (aproximadamente R$ 1,5 milhão) e o que declarou à Receita (R$ 150 mil), que não conteria a relação de bens da mulher".A CPTM informa que Lavorente já deu as explicações necessárias à Corregedoria. Ressalta ainda que o diretor, apesar de ter sido alvo preliminar do inquérito da Polícia Federal que apura o cartel, não figura mais no rol de investigados. "É só ler o relatório dele. Ele esclareceu tudo daí para a frente. Ele levou tudo (para a Corregedoria), já mostrou, já provou, só que esse material é de antes disso. Para nós, a situação dele já foi resolvida e ele não foi afastado", afirmou. "A não ser que venha uma pena, uma culpabilidade cravada, aí não tenha dúvida de que o governador vai afastar mesmo", afirmou o Fernandes. Injustiça. O secretário considerou uma "injustiça tremenda" a divulgação do conteúdo do relatório. Segundo ele, cinco funcionários são citados do documento como "não tendo sido detectadas discrepâncias ou outros elementos" e, portanto, não haveria motivo para afastamento. "Injustiça tremenda, mandaram 15 nomes dos quais 5 que estavam ali já estava escrito que não há nada a discutir", disse Fernandes. Para o secretário, o vazamento do relatório foi uma "irresponsabilidade" e a publicação das informações do documento foi uma "injustiça". O conteúdo do relatório foi revelado pelo Estado na última terça-feira, 11. No documento, foram citados executivos e ex-executivos das estatais Metrô e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). De acordo com as investigações, o cartel teria operado entre 1998 e 2008, período que compreende as gestões dos governadores Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB."Aquele documento que vazou para a imprensa é de 8 de janeiro. As pendências foram sanadas. No novo relatório praticamente todos estão fora. Tem um ou outro que dá alguma dúvida", disse.Segundo o secretário, entre funcionários que ainda estão com situação pendente no relatório, há "erros crassos" de preenchimento de Imposto de Renda. "A Receita Federal já tem esse erro tão comum que faz a compensação. Alguém da corregedoria não viu isso e mandou que há uma despesa maior do que a capacidade de ganho. Aí foi lá e corrigiu. Só que o relatório é de antes das correções".Jurandir Fernandes afirmou que recebeu todos os funcionários citados no relatório em seu gabinete para ouvi-los. "Esses dias recebi todos e os acalmei. Aqueles que estão com pendências, afastamos todos."Questionado sobre quantos funcionários foram afastados, o secretário não soube informar o número exato, mas citou os nomes de Nelson Scaglioni (funcionário do Metrô, investigado sob suspeita de receber propina, foi exonerado do cargo de gerente de sistemas em dezembro), Décio Gilson César Tambelli (assessor técnico e ex-diretor de Operações do Metrô), Laércio Mauro Santoro Biazotti (ex-diretor de Planejamento do Metrô) e Pedro Pereira Benvenuto (ex-secretário executivo do conselho gestor de Parcerias Público-Privadas da Secretaria de Planejamento).

 

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Correção: Diferentemente do que informou a reportagem "Afastamento de investigados no caso do cartel é 'injustiça', diz secretário", publicada na quinta-feira, 13, Jurandir Fernandes, titular da pasta de Transportes Metropolitanos, se referia à divulgação do relatório, e não ao pedido de afastamento dos funcionários, quando falou de "injustiça". A informação já foi corrigida no texto acima.

Esclarecimento: Segundo a CPTM, o diretor de operações da CPTM, José Luis Lavorente, não é mais investigado pela Polícia Federal, conforme informou a primeira versão desta reportagem. Lavorente foi preliminarmente alvo do inquérito que hoje está no Supremo Tribunal Federal, mas acabou excluído do rol de investigados após dar explicações aos federais, afirma a assessoria de imprensa da CPTM. O texto acima já traz a versão da estatal.

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