Dinheiro pago a ex-diretor da Eletronorte é fruto de consultoria, diz defesa

PF prendeu um ex-dirigente da estatal e um parente dele na Operação Choque, que investiga suposto esquema de propina

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Por Fabio Fabrini
Atualização:

A defesa do ex-diretor da Eletronorte Winter Andrade Coelho, preso nesta quarta-feira, 15, pela Polícia Federal, sustenta que ele não recebeu dinheiro de propina, mas de consultorias prestadas a empresas que, "eventualmente", possam ter firmado contratos com a estatal. O advogado de Coelho, Cleber Lopes, afirmou que seu cliente é engenheiro e trabalhou para o setor privado dando orientações em sua área de atuação. O defensor não explicou quem contratou o ex-diretor. "Ele prestou consultorias para empresas privadas em negócios que não têm relação com os contratos da Eletronorte", afirmou.

Agentes da Polícia Federal saindo da Eletronorte aonde fizeram apreensaão de documentos durante Operação Choque que investiga esquema de propina na empresa, na sede da Eletronorte, em Brasilia. Foto: André Dusek/Estadão

Segundo o advogado, além de ter trabalhado diretamente como consultor, Coelho também "pode ter indicado" uma empresa do concunhado, Carlos Eduardo Andrade Macedo, para prestar serviços a empresas na área de tecnologia da informação. Entre elas, estão fornecedoras da Eletronorte, aponta a investigação da Polícia Federal.

"A empresa (de Carlos Eduardo) tem sua atividade profissional estabelecida e prestou vários serviços. Pode ser que, em algum momento, o Winter tenha indicado clientes, mas a empresa prestou os serviços e declarou ao Imposto de Renda. Tudo como se faz", alegou o advogado.

A PF deflagrou nesta quarta-feira a Operação Choque, prendendo o ex-diretor e seu concunhado. Segundo as investigações, uma empresa fantasma, sem funcionários ou endereço comercial, controlada pelos investigados, recebia dinheiro de fornecedores da Eletronorte. Conforme o inquérito, os recursos são propina para viabilizar contratos na área de informática.

Ao quebrar o sigilo de uma conta da empresa, a PF detectou movimentação de R$ 4 milhões. Conforme o advogado, a empresa pertence a Macedo, está registrada na casa dele e exerce atividades regularmente. Ele argumenta que, para funcionar, um escritório de consultoria não tem de manter equipe grande. "Você não precisa ter 20 funcionários, não precisa manter uma sede", disse.

O advogado argumentou também que Coelho, funcionário de carreira da Eletronorte, não tinha poder para influenciar a contratação de empresas pela estatal. "Nós vamos acreditar que o Winter recebeu R$ 4 milhões para ele, sendo que ele não tem ingerência sobre os contratos?", questionou.

esta quarta-feira, os dois presos se negaram a prestar depoimento, alegando não ter conhecimento das acusações. O advogado de Coelho negou também que o ex-diretor seja apadrinhado de políticos do PMDB: "O cara é funcionário de carreira há 35 anos".

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