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Dilma vai se reunir com Obama no G-20

Encontro bilateral durante cúpula de países na Austrália marca início de reaproximação entre Brasil e EUA após espionagem americana

Por Lisandra Paraguassu e RAFAEL MORAES MOURA E MARCELO DE MORAES
Atualização:

BRASÍLIA - O encontro do G-20 na Austrália, no próximo fim de semana, vai marcar o início da reaproximação entre Brasil e Estados Unidos. Uma reunião bilateral entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente americano, Barack Obama, já está acertada, e deve incluir na agenda a retomada de várias negociações econômicas mas, principalmente, o reaquecimento das relações estremecidas desde a revelação da espionagem americana no Brasil. Dilma chega a Brisbane na madrugada de sexta-feira, véspera do início da cúpula. A data e o horário do encontro com Obama ainda não está definido, mas é uma das poucas reuniões bilaterais estruturadas que a presidente irá ter, com uma pauta específica. As demais serão com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e com o presidente da China, Xi Jinping. Essa será a primeira reunião formal entre Dilma e o presidente americano desde o caso da espionagem. Os dois chefes de Estado tiveram um encontro tenso no início de setembro de 2013, também durante o G-20, logo depois da descoberta da ação da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) no Brasil. Na ocasião, um constrangido Obama tentou, sem sucesso, convencer Dilma a não cancelar a visita de Estado a Washington, marcada para outubro. Desde então, a presidente esperava um pedido formal de desculpas, que ainda não veio. Mesmo assim, o governo brasileiro avaliou que estava na hora de aliviar o gelo na relação. Vários gestos vindos da Casa Branca foram tomados como sinais de boa vontade. Primeiro, as várias medidas adotadas para controlar a ação da NSA , explicadas diretamente ao governo brasileiro. Depois, a visita do vice-presidente Joe Biden durante a Copa do Mundo, repetindo o convite para que Dilma remarcasse a visita. Ainda não há data para uma nova visita, mas esse é um dos assuntos que entrará na pauta do encontro bilateral. Logo depois de confirmada a reeleição da presidente, foi reiterado o convite para o primeiro semestre do ano que vem. Acordos. A agenda congelada entre os dois países interessa diretamente ao empresariado brasileiro. Há questões como o acordo Open Skies, que permitiria a empresas americanas ampliar as viagens a partir do Brasil. Também está para ser destravado o Visa Waiver, que permitiria aos brasileiros viajaram aos EUA sem visto, e vice-versa, além de uma série de acordos técnicos para transferência de tecnologia, certificação técnica e sanitária e abertura de mercados - o de carnes é um dos mais aguardados. A agenda da presidente nos próximos dias será extensa, para além das relações com os americanos. Dilma embarcou no final da tarde de ontem para o Catar, onde na quarta-feira terá um encontro com o Emir do Catar, Tamim Bin Hamad al Thani, em uma visita de última hora. Como o avião presidencial precisa fazer três paradas técnicas daqui até a Austrália e foi tomada a decisão de pernoitar no Catar, Dilma pediu uma audiência com o Emir, em um gesto de cortesia. Será uma reunião informal, sem pauta pré-definida. No mesmo dia, a presidente embarca para a Austrália. Na sexta-feira, poderá ser o dia dos encontros bilaterais, mas ainda não estão confirmadas as datas e horários. No dia seguinte, antes de começar a agenda do G20, a presidente participa de uma reunião dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Dilma deverá ter encontros rápidos com os presidentes de todos os países dos Brics.

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