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Dilma prevê campanha ‘politizada’ e Aécio afirma que eleição ‘não é guerra’

Na abertura oficial da disputa, presidente fica em casa, mas lança site da reeleição; tucano reúne aliados em São Paulo, enquanto Campos faz corpo a corpo em Brasília

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Por Redação
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SÃO PAULO - Apesar do clima eleitoral ainda “frio” em razão da Copa do Mundo no Brasil, o primeiro dia oficial de campanha, ontem, já expôs as linha estratégicas dos principais candidatos à Presidência da República. Eduardo Campos (PSB) foi para a rua, pois tenta se tornar mais conhecido. Aécio Neves (PSDB) priorizou São Paulo, maior colégio eleitoral do País, que, segundo seu comitê, pode garanti-lo no 2º turno. A presidente Dilma Rousseff (PT) divulgou um vídeo na estreia de seu site de campanha no qual diz que esta será a disputa “mais politizada da história”. 

Aécio Neves e seu vice, Aloysio Nunes, no 17º Festival do Japão, na zona sul de São Paulo Foto: Igo Estrela/Divulgação

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Pelo menos no discurso, houve promessa pública de que a eleição terá um tom civilizado. Aécio disse que, para ele, “campanha não é guerra”. Dilma prometeu um debate de “alto nível”.

Com 9% das intenções de voto, segundo o mais recente Datafolha, e nem dois minutos completos por bloco de propaganda de TV, Campos estreou sua agenda de campanha em uma favela populosa na maior cidade do entorno de Brasília. Com a vice Marina Silva - ela muito mais reconhecida na rua do que ele -, o candidato do PSB tentou responsabilizar a gestão Dilma por problemas enfrentados pela população carente. Em meio ao lixo espalhado pelas ruas, esgoto correndo a céu aberto e asfalto esburacado na comunidade Sol Nascente, em Ceilândia, a dupla abordou moradores em casas e vielas da favela de 100 mil habitantes. 

“Não se pode admitir que a 35 quilômetros do Palácio do Planalto, num Estado governado pelo mesmo partido (da presidente Dilma), você ande em uma comunidade e sequer o lixo é retirado das ruas”, discursou o ex-governador de Pernambuco a um punhado de curiosos. 

O local foi escolhido pela síntese dos problemas estruturais e, principalmente, pela proximidade com a sede do governo federal. Além disso, Marina obteve, no Distrito Federal, o primeiro lugar na eleição presidencial de 2010, com 42% dos votos - no Brasil, ficou em terceiro lugar. 

Hoje, o grupo repete a tática em Águas Lindas de Goiás, a 55 km de Brasília, famosa pela explosão demográfica e pela violência. 

Já Aécio tentou reafirmar seus compromissos com São Paulo ao visitar o 17º Festival do Japão, na zona sul da capital.

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A estratégia foi liderada pelo vereador Andrea Matarazzo, coordenador político da campanha presidencial tucana na maior cidade do País. Ele acabou colocando lado a lado, já no primeiro evento de campanha, Aécio, o governador Geraldo Alckmin e o ex-governador José Serra, candidato ao Senado. Os três foram protagonistas das últimas crises internas do PSDB. 

Além deles, estiveram também no evento Aloysio Nunes, candidato a vice, e o deputado José Aníbal, candidato a suplente de senador na chapa com Serra. 

Em dezembro passado, Aécio já falava que, se vencesse em São Paulo, venceria a eleição. Durante a visita, acusou o governo federal de se apropriar politicamente da Copa do Mundo. “Vejo uma tentativa de uma certa apropriação desses eventos para o campo político”, disse. “O brasileiro está suficientemente maduro e consciente para perceber que são coisas absolutamente diferentes.” 

O tucano, que registra 20% segundo o mais recente Datafolha, terá menos da metade do tempo de Dilma no horário eleitoral gratuito - algo em torno de 4 minutos. Aécio afirmou que pretende fazer uma campanha sem troca de ofensas. “Da minha parte jamais permitirei que queiram dividir o Brasil entre nós e eles. Campanha para mim não é guerra”. 

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Aécio terá hoje, em São Paulo, um primeiro encontro com seus coordenadores de campanha para definir um plano de trabalho para os próximos dias. Na quinta-feira, desembarca no Rio, onde deve fazer corpo a corpo com os líderes do movimento “Aezão”, que prega voto nele e no atual governador fluminense Luiz Fernando Pezão (PMDB), que oficialmente é aliado de Dilma.

Virtual. Enquanto os adversários faziam campanha, a presidente preferiu ficar em casa. Seu comitê deu início, porém, à prometida ofensiva digital ao postar o primeiro vídeo na página oficial da campanha. “Ao contrário do que pensam alguns, acho que esta vai ser uma das campanhas mais politizadas da nossa história. Espero que essa politização se dê em torno da discussão das grandes reformas que o Brasil precisa fazer para caminhar melhor e mais rápido”, disse. “Quero renovar meu compromisso de fazer uma campanha de alto nível (...). Para mim, essa campanha é apenas uma etapa da luta incessante que nós no PT e partidos aliados estamos fazendo para mudar para melhor o Brasil.”

O comitê de Dilma vai preparar uma agenda de viagens com foco na disputa. Ela será definida amanhã, durante encontro da direção do PT com os coordenadores estaduais da campanha. 

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Com 38% das intenções de voto e detentora de 11 minutos na propaganda de TV, Dilma deve, a partir de agora, intensificar as aparições conjuntas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu padrinho político.

Nanicos. Três candidatos de partidos menores escolheram o Rio para abrir a campanha. Luciana Genro (PSOL) participou de caminhada em Copacabana, zona sul, e visitou a Feira de São Cristóvão. Pastor Everaldo (PSC) foi a Acari, zona norte, onde nasceu. Zé Maria (PSTU) esteve em São Gonçalo, na região metropolitana, e no Complexo da Maré. / BERNARDO CARAM, RICARDO CHAPOLA, VALMAR HUPSEL FILHO, ERICH DECAT E IDIANA TOMAZELLI

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