PUBLICIDADE

Dilma mantém movimentação por plebiscito

Presidente cassada deve contrariar cúpula do PT e, após período de descanso, vai defender consulta sobre eleições

Por Ricardo Galhardo
Atualização:

Contrariando a cúpula do PT, a presidente cassada Dilma Rousseff vai manter erguida a bandeira do plebiscito por eleições diretas depois que deixar o Palácio da Alvorada. A movimentação de Dilma pós-impeachment deve acentuar a divisão interna do partido. 

Dilma se pronuncia logo após a decisão do Senado de afastá-la Foto: Wilton Junior|Estadão

PUBLICIDADE

No pronunciamento feito ontem depois do julgamento no Senado, Dilma deixou as “Diretas-Já” de fora propositalmente. Mas assim que voltar de um período de descanso, a ex-presidente pretende viajar pelo Brasil e participar de manifestações em defesa do plebiscito. 

Na semana passada, a Executiva Nacional do PT ignorou o tema. Antes o presidente do partido, Rui Falcão, se manifestou contra a ideia, abrindo uma crise entre o partido e o Alvorada. 

Por outro lado, a esquerda petista, liderada pela Mensagem ao Partido, defende o plebiscito e promete dar palanques para Dilma carregar a bandeira. Alguns dos aliados mais próximos de Dilma, como os ex-ministros José Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto, são da Mensagem.

Redes sociais. A Executiva do PT volta a se reunir nesta sexta-feira, 2, para avaliar o julgamento no Senado. Nesta quarta-feira, 31, o partido não se manifestou oficialmente sobre o tema, mas divulgou em suas redes sociais críticas à decisão dos senadores, trechos do pronunciamento de Dilma e convocações para protestos em todo o Brasil. 

Falcão disse por meio das redes sociais, que o resultado da segunda votação de ontem no Senado, que manteve os direitos políticos da presidente cassada, seriam suficientes para a manutenção do mandato da petista. 

“O primeiro voto foi o da vergonha; o segundo, o que restava de consciência: 36 votos e 3 abstenções não cassariam Dilma”, disse Falcão no Twitter.  Além de Falcão, outros dirigentes e lideranças do PT se posicionaram por meio das redes sociais. “Dia infeliz da nossa história. 52 anos e dois meses depois, um novo golpe deflagrado no Brasil”, disse o deputado federal Paulo Teixeira (SP), vice-presidente da legenda, em alusão ao golpe militar de 1964.

Publicidade

“A aprovação do impeachment é um lamentável desrespeito ao voto popular direto e às regras do jogo democrático. Essa página da história brasileira ficará inconclusa até que se faça justiça à imagem de ‘Dilma coração valente’”, disse o ex-ministro Edinho Silva. 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também não se manifestou, segundo assessores, para não ofuscar o contundente pronunciamento de Dilma.  Um dos trechos do discurso (escrito a oito mãos com assessores) contempla parte da agenda petista. Ao conclamar os “progressistas a continuarem a luta todos juntos, independente de filiação partidária”, Dilma antecipa a estratégia da sigla de criar frentes de esquerda.