Dilma embarca nesta quinta para Nova York

Temer assumirá o cargo interinamente, mas equipe do vice diz não ter sido informada ainda da viagem

Por Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA -  Está marcada para as 9h30 desta quinta-feira, 21, a decolagem da presidente Dilma Rousseff para Nova York, onde participa da sessão de abertura de assinatura do acordo de Paris, sobre meio ambiente, na Organização das Nações Unidas (ONU). A chegada está prevista para as 19h30, hora local. O vice-presidente, Michel Temer, assumirá o cargo interinamente, mas até o início da tarde desta quarta-feira, 20, a sua equipe não tinha sido avisada da viagem. 

Temer, que tem sido criticado e chamado de "traidor" por Dilma, não pretende viajar a Brasília. A ideia é permanecer em São Paulo, sem agendas externas, com comportamento discreto. A presidente só retorna ao Brasil na madrugada de sábado para d

A presidente Dilma Rousseff Foto: André Dusek|Estadão

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omingo.

Na agenda da presidente, além da reunião na ONU, a partir das 8h30 desta sexta-feira, estão previstas pelo menos duas entrevistas - uma na própria sexta e outra no sábado. Dilma quer usar todos os meios possíveis e aproveitar que parte da imprensa internacional tem sido crítica ao processo de impeachment para repetir que está sendo 'vítima de processo baseado em uma flagrante injustiça, uma fraude jurídica e política, que é a acusação de crime de responsabilidade sem base legal, sem crime e ao mesmo tempo de um golpe".

Ao contrário da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Nacional das Nações Sul-Americanas (Unasul), o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, minimizou o processo de impeachment no Brasil. Dujarric disse, em entrevista coletiva, que o Brasil tem "tradição democrática" e "instituições de Estado fortes". Acrescentou ainda que "o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, está acompanhando a situação política no Brasil "de perto" e que "o Brasil tem uma tradição democrática sólida e instituições de Estado fortes".

Cunha. A presidente quer aproveitar sua viagem aos Estados Unidos para, da tribuna internacional, denunciar o golpe que ela diz que está sendo armado contra ela e que foi deflagrado e comandado na Câmara por Eduardo Cunha. 

Dilma vai se escorar em notícias divulgadas pela imprensa internacional, que chegou a ironizar a situação no País por um réu colocar uma presidente em julgamento. 

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No período em que estiver nos Estados Unidos, Dilma pretende lembrar também que tanto a OEA quanto a Unasul questionaram o processo de abertura de impeachment. Na segunda-feira, um dia depois da aprovação do afastamento da presidente pela Câmara, a Unasul emitiu nota em que considera o resultado um "motivo de séria preocupação". Já o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, o uruguaio Luis Almagro, disse que "o impeachment constitui um ato de flagrante ilegalidade".