Após oito quedas consecutivas que começaram no final de 2014, o INEC (Índice Nacional de Expectativa do Consumidor) cresceu em julho e agosto do ano passado e, novamente, em outubro e novembro – apenas para cair praticamente tudo o que tinha subido nos meses subsequentes. Assim, desde junho do ano passado, a confiança do consumidor tem se mantido somando altos e baixos – dentro da mesma média, que é a menor da série histórica.
O INEC é a síntese de seis questões econômicas, mas apenas três delas explicam incríveis 92% da desaprovação de Dilma. Isso mesmo: segundo regressão linear calculada pelo Ibope, mais de 9 em cada 10 respostas negativas sobre como a presidente está governando o País se devem à economia. E essa correlação só vem aumentando com o tempo. Por mais que denúncias de corrupção danifiquem, é o bolso que mata a popularidade presidencial.
Entre os três cavaleiros do apocalipse da governabilidade, um está montado num pangaré e tem metade da influência dos outros dois. Trata-se da situação financeira atual do entrevistado, em comparação com o passado recente. A cada ponto porcentual que ela cai, a desaprovação de Dilma cresce 0,7 ponto. Ou seja, a medida que a renda média vinda do trabalho diminui, a presidente tende a penar ainda mais no purgatório da opinião pública.
Mas esse é o menor dos seus problemas. Quando o consumidor perde a esperança e sua expectativa de comprar bens de maior valor reflui, a popularidade de Dilma sofre um revés ainda maior. A cada ponto que diminuir essa expectativa, a desaprovação ao trabalho do governante aumenta em 1,4 ponto. Quando sai a notícia de que a venda de automóveis é menor em “x” anos, e a de TV e geladeiras, a mais baixa em “y” meses, pode estar certo de que a taxa de aprovação de quem está no Planalto vai cair.
Pior do que isso, só o desemprego. Segundo os cálculos do Ibope, a cada ponto de aumento da percepção das pessoas de que o desemprego vai crescer, a impopularidade de Dilma cresce 1,5 ponto. É um desastre.
Entre outras coisas, significa dizer que com as taxas oficiais de desocupação medidas pelo IBGE em alta, será muito difícil – para não dizer quase impossível – para o governo recuperar seu apoio perdido. Aqui, porém, cabe enfatizar um ponto importante: a expectativa de aumento do desemprego é diferente da taxa de desemprego em si. Elas se movem independentemente uma da outra.
Não chega a ser uma regra, mas é comum que a expectativa de aumento do desemprego se antecipe às oscilações das taxas oficiais. É como se o trabalhador soubesse o que vai acontecer antes dos economistas, seja porque ele está vendo que as vagas de seus colegas que deixaram o emprego não são preenchidas, seja porque ele vê parentes serem demitidos, seja porque ele próprio percebe que está prestes a entrar no seguro-desemprego.
O crescimento do INEC em janeiro foi um sinal positivo que vai na contramão de quase todos os outros indicadores econômicos. Por isso é bom esperar pelos dados de fevereiro e março. Se eles mantiverem a tendência, o governo pode sonhar com a remota possibilidade de Dilma começar a escalar o poço em que se meteu.
A despeito do que venha acontecer, os cálculos do Ibope servem para lembrar que a Lava Jato pode ter aleijado o PT, combalido Lula, mas que, ainda assim, não é o maior problema de Dilma. Para a presidente, o que pesa mesmo é o bolso do consumidor.