BRASÍLIA - Repetindo um gesto comumente visto na era Collor, a presidente Dilma Rousseff, saiu de seu gabinete e desceu a rampa do Palácio do Planalto para cumprimentar cerca de 500 mulheres que faziam uma manifestação contra o seu impeachment. “Estou de alma lavada”, comemorou Dilma, eufórica, na despedida das manifestantes que estavam no interior do Planalto, antes de subir a rampa interna do Palácio e retornar ao gabinete.
Durante cerca de 20 minutos, a presidente percorreu toda a grade que protege o Planalto para receber flores brancas e vermelhas, abraçar e tirar fotos com as militantes que gritavam palavras de apoio. O trânsito em frente ao Planalto foi fechado enquanto Dilma estava na rua. Em uma outra estratégia de defesa do seu mandato, a presidente Dilma poderá ir a Nova Iorque no dia 22 de abril para usar a tribuna da Organização da Nações Unidas (ONU) para se defender.
As manifestantes se concentraram em frente ao Planalto por volta das 18 horas em um ato intitulado “o abraçaço da democracia”. Um grupo de 15 delas foi autorizado a subir para o terceiro andar do Palácio para cumprimentar Dilma em seu gabinete. Quando a presidente ia se despedir delas ainda no mezanino, no terceiro andar, algumas das manifestantes a convidaram para “abraçar” as mulheres que estavam na rua. Em um rompante absolutamente inusitado, a presidente respondeu: “vamos lá”, provocando uma correria entre os assessores que precisaram correr para abrir a porta da rampa que dá acesso à pista, onde estavam as manifestantes.
Esta foi a primeira vez que a presidente Dilma desceu a rampa para cumprimentar manifestantes. A atitude havia sido tomada outras poucas vezes, em visitas de chefes de Estado, o que está previsto no protocolo. Quando o ex-presidente Fernando Collor de Mello estava no cargo, todas as sextas-feiras ele descia a rampa para cumprimentar as pessoas que o esperavam no local. Apesar de o gesto se repetir toda semana, naquela época, não existia grade entre o presidente e os populares. Com Dilma, este gesto de cumprimentar militantes, ocorreu muito na época da campanha.
A secretária de Política das Mulheres, Eleonara Menicucci, a presidente da Caixa, Miriam Belchior, e a Teresa Campelo, ministra do Desenvolvimento Social, acompanharam a presidente.
Suada, mas animada depois de cumprimentar as mulheres, a presidente subiu a rampa e parou no topo para saudar as manifestantes. “Sobe e desce Dilma que a rampa é sua”, gritavam as mulheres. “Não vai ter golpe, vai ter luta" e "No meu País, eu boto fé, porque ele é governado por mulher", completavam ainda.
Outro “abraçaço” está marcado para a quinta-feira, dia 21 de abril, no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidente. Para o dia, está programado um piquenique das manifestantes e familiares.