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BASTIDORES: Dilma cancela viagem para se dedicar às negociações do pacote e à reforma

Decisão foi tomada diante da pressão para que a presidente encaminhe o quanto antes ao Congresso as medidas fiscais já anunciadas e a reforma administrativa

Por Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - Diante da pressão para encaminhar ao Congresso, o quanto antes, as medidas fiscais já anunciadas pelo governo assim como a reforma administrativa e também novas medidas para conter o rombo da Previdência, a presidente Dilma Rousseff decidiu cancelar a viagem que faria amanhã, sexta-feira, a Belo Horizonte, para fazer a entrega de mais moradias do Minha Casa Minha Vida. Depois de fazer mais uma rodada de reuniões com os líderes dos partidos da base aliada para pedir apoio à aprovação das novas propostas de ajuste no Congresso,e afastar a movimentação pró-impeachment, a presidente Dilma deixou a sua agenda do resto do dia liberada para, entre outras conversas e negociações, se reunir com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desembarca em Brasília na tarde desta quinta-feira, 17.

Anúncios de reformas administrativas e cortes de ministérios, prometidos por Dilma até a próxima quarta-feira, 23, dependem ainda de conversar com o vice-presidente Michel Temer, que ainda está no exterior. Mas a cobrança para que ela envie tudo, logo, ao Congresso, é muito grande, porque o vácuo na Casa, que está sem o que discutir concretamente, gera especulações e obriga o governo a fazer acenos de recuos mesmo antes de mandar as medidas para apreciação dos parlamentares.

Dilma vai alterar pontos cruciais do novo pacote fiscal Foto: Alex Silva/Estadão

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Embora tudo ainda esteja sendo desenhado, um interlocutor muito próximo da presidente reiterou que Dilma não quer e não pretende abrir mão de Aloízio Mercadante, na Casa Civil. Vai reiterar isso a Lula, na conversa que terão hoje. Mercadante e Giles Azevedo, seu assessor especial, que está ajudando na articulação política, são seus dois mais fiéis escudeiros e, neste momento difícil de crise política a presidente precisa dos dois ao seu lado.

Dilma tem sido muito criticada pela demora em tomar decisões. Daí, a necessidade de correr para que as medidas estejam todas no papel, o quanto antes. Há quem defenda que ela não espere a semana que vem para isso. Mas os papéis ainda não chegaram à Casa Civil e ainda estão na Fazenda. A Fazenda, por sua vez, quer mandar junto a proposta da reforma da Previdência, que considera essencial e deveria ser posta agora na mesa junto com o ajuste fiscal, e tem cobrado que governo se manifeste com urgência em relação à proposta. Este seria um sinal considerado muito importante para o mercado para reverter, inclusive, a expectativa de que o corte anunciado é fraco e que o governo precisa mostrar que tem proposta de reversão do déficit da previdência, depois que a CPMF cobrir os déficits do momento.

Mercadante - Apesar das pressões, a presidente Dilma Rousseff avisou que manterá no cargo o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. A presença do ministro Ricardo Berzoini (Comunicações) para fazer a coordenação política de dentro do Palácio do Planalto junto com Giles Azevedo, pensada agora, é para uim desenho inicial, que poderá não prevalecer depois. A presidenteDilma ainda fará consultas para definir as outras mudanças que virão com a reforma. Ela reconhece que precisa melhorar a articulação política mas tudo ainda está sendo desenhado e depende de novas conversas com Michel Temer, depois que ele chegar de sua viagem.

As viagens - não só a de Temer e vários ministros, mas também a do líder do PT na Câmara, SIbá Machado, que estava nos Estados Unidos - neste momento grave em que todos precisavam estar no País, foi considerada ruins no Planalto e extemporâneas pelo Planalto .

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