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Dilma anuncia reajustes de 9% para Bolsa Família e 5% para IR

Ainda neste domingo, em ato organizado pela Força Sindical, parlamentares dizem que 11 de maio, provável dia da votação do impeachment no plenário do Senado, será 'novo começo'

Por Karla Spotorno (Broadcast)
Atualização:

São Paulo - Ovacionada pelo público ao subir no palco do Vale do Anhangabaú, no centro da capital paulista, com gritos de "Dilma querida" e "Fica querida", a presidente Dilma Rousseff aproveitou o ato de comemoração pelo Dia do Trabalhador, neste domingo, 1º, para defender seu mandato e anunciar reajuste de 9% para o programa Bolsa Família e a correção de 5% na tabela do Imposto de Renda Pessoa Física, conforme era previsto. "Esse aumento não prejudica o cenário fiscal, como eles (os oposicionistas) dizem", afirmou. Ela disse ainda que vai anunciar o Plano Safra da Agricultura Familiar na terça-feira, 3.

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja presença havia sido anunciada pela organização, não compareceu por problemas na voz. Segundo a organização, cerca de 100 mil pessoas comparecem ao evento, que começou de manhã com o ato político e segue nessa tarde com atrações musicais.

No evento, a presidente reafirmou que impeachment sem crime é golpe. "Para ter impeachment, não basta não gostar da presidenta. É preciso ter crime", afirmou. "Eu não tenho conta no exterior. Nunca embolsei dinheiro do povo", disse acrescentando que a oposição "tem de inventar" para conseguir sustentar o pedido de impeachment.

A presidente Dilma Rousseff em atoorganizado pela CUT, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão 

Dilma afirmou que a oposição está fazendo uma eleição indireta e tirando do povo o "direito de votar". Ela reiterou que "desde que perderam as eleições eles fazem de tudo para o governo não governar". Disse ainda que o principal líder da oposição é o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ao citar o nome do deputado, o público interrompeu o discurso da petista para gritar "Fora, Cunha!".

A presidente também culpou a oposição pela grave crise econômica que o Brasil está vivendo e disse que o movimento dos oposicionistas impediu que o País impedisse o agravamento da crise econômica e, consequentemente, limitasse o aumento da taxa de desemprego. "O mais grave que eles (os oposicionistas) fizeram foi impedir que o País combatesse a crise e o desemprego", disse.

Em seu discurso, Dilma também destacou o pedido de impeachment coloca em risco a democracia e vários direitos e benefícios da sociedade. "Esse golpe rompe com a democracia e é contra as conquistas dos trabalhadores", afirmou, citando que fazem parte do projeto da oposição "golpista" a redução o Bolsa Família. Disse que, dos 47 milhões de brasileiros beneficiados hoje pelo Bolsa Família, cerca de 36 milhões deixarão de ser elegíveis.

Ela mencionou ainda que é necessário é realizar uma reforma tributária capaz de transformar a atual estrutura de impostos e contribuições de recessiva, "que prejudica os mais pobres", em progressiva.

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"Quero dizer pra vocês que eu vou resistir", avisou a presidente ao encerrar o discurso, que durou cerca de 30 minutos. Dilma lembrou que lutou contra a ditadura militar e que, por isso, ficou presa por três anos. "Mas a luta agora é muito mais ampla. Não é uma luta com armas, tanques ou militar. Mas é uma luta em defesa de todas as conquistas dos últimos anos", afirmou.

Depois de discursar, o petista Eduardo Suplicy fez um breve discurso para saudar a presidente e criticar o impeachment. Além de Suplicy, estava no palco ao lado de Dilma o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e a deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ).

Oficialização. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome informou, por meio de sua assessoria, que a entrevista sobre o reajuste do Bolsa Família e da correção da tabela do IRPF será dada apenas após a publicação das medidas. O Palácio do Planalto havia convocado mais cedo uma entrevista da ministra Tereza Campello para este domingo, que foi cancelada. Os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Social ainda avaliam a divulgação de uma nota técnica, ainda neste domingo, pela internet.

Oposição. Também neste domingo, parlamentares que pedem a saída da presidente Dilma se reuniram em um ato organizado pela Força Sindical, ligada ao deputado Paulinho da Força (SD-SP), na zona norte da capital. O grupo fez críticas ao governo Dilma e ao PT.

Eles afirmam ainda que dia 11 de maio, data estimada para a votação do impeachment no plenário do Senado, será um "novo começo". Caso o processo seja aprovado por maioria simples (metade mais um), Dilma é afastada da Presidência por 180 dias. 

Entre os presentes, estavam ainda a pré-candidata pelo PMDB à Prefeitura de São Paulo, senadora Marta Suplicy, o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), e o deputado Mendonça Filho (DEM-PB).