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Diálogo com PSDB revela maturidade, diz Roseana

A senadora, que é líder do governo no Congresso, conseguiu articular encontro de Lula com Tasso; ainda não há agenda com o DEM, do qual fez parte

Por Agencia Estado
Atualização:

Espécie de embaixatriz do presidente Luiz Inácio Lula da Silva junto a diversas forças políticas, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) apresentou suas credenciais como líder do governo ao articular o encontro de Lula com o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), na última quinta-feira. "O presidente tem de conversar com todas as correntes do País, porque é hora para isso. Precisamos pensar uma reforma política, pensar o Brasil para os próximos 10, 20 anos," argumentou a senadora em entrevista à Reuters nesta sexta-feira. Fiadora da reunião de quinta, ela afirma que o canal aberto com o maior partido de oposição do País revela maturidade institucional, não conveniência política. "Não se trata de cooptação. Não houve discussão de assuntos menores. Eles já tinham uma certa ligação, atuaram juntos durante a oposição ao governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello", acrescentou. Apesar da disposição do governo ao diálogo, ainda não há na agenda uma conversa formal com o Democratas (ex-PFL), legenda da qual Roseana fez parte até o fim do ano passado. O partido, dedicado no último mês à criação da CPI do Apagão Aéreo, criticou duramente a visita do aliado tucano ao Planalto. Desde de que foi escolhida porta-voz de Lula no Parlamento, Roseana fugiu do perfil tradicional do cargo. Além de cuidar da tramitação do Orçamento e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), como faziam seus antecessores, a senadora revelou-se uma operadora política. Apontada por colegas como talentosa nos bastidores, ela trabalhou para apaziguar o PMDB e, mais tarde, idealizou um jantar para reunir o partido na coalizão de governo. O movimento marca a unidade da sigla em torno de Lula. "O PMDB, como partido, se tornava pequeno na divisão. Concluímos que se nos uníssemos o partido sairia forte e poderia debater uma agenda construtiva para o país", disse. "O que precisava, realmente, era esse olhar de fora. Já havia uma vontade do partido, faltava só um empurrãozinho", brincou. 2010 Segundo ela, o contato com o PSDB só foi possível por conta do cenário eleitoral de 2010. "Ele (Lula) não tem reeleição, o que facilita o diálogo com diferentes correntes políticas. O objetivo não é a disputa, mas fazer um planejamento estratégico para o Brasil." Após promover o armistício com a oposição, a senadora diz que sua próxima tarefa é ajudar a construir consenso em torno de uma reforma política. "Vamos começar a discutir isso já neste ano. A disputa municipal, no ano que vem, não atrapalha muito esse debate. Não acho que vamos nos unir em todas as questões, mas acho que a reeleição deve ser analisada junto com a reforma política", defendeu a senadora que, pessoalmente, é favorável ao dispositivo constitucional da reeleição, apesar da opinião contrária do chefe.Lula é contra a regra e a favor de um mandato de cinco anos. Passado Roseana conversa com o presidente quase todos os dias e se diz feliz com o novo momento de sua vida política. Segundo funcionários, ela não tem mais tempo para o hobby favorito: jogar cartas. Derrotada na disputa ao governo do Maranhão na eleição passada, diz que está acostumada a enfrentar dificuldades desde que entrou na política pelo movimento estudantil. "O primeiro momento é difícil. Assim como com minha saúde, já tive muitos baques, mas dei a volta por cima. Quando você entra na política, tem que estar preparado para ganhar e perder. E eu estou preparada para tudo." Pré-candidata à Presidência da República em 2002, Roseana Sarney desistiu da disputa após o chamado caso Lunus, que envolveu a apreensão de R$ 1,3 milhão em notas de R$ 50 na empresa da senadora e seu marido, Jorge Murad. Anos depois, a acusação foi considerada improcedente e o dinheiro, devolvido à família. Durante o primeiro mandato de Lula, Roseana foi sempre uma voz governista dentro do então PFL. O posicionamento político quase rendeu sua expulsão do partido no ano passado, mas a senadora adiantou-se e, em novembro, pediu sua desfiliação. "Em 2002, o PFL liberou e eu tomei a decisão de apoiar o então candidato Lula. Nesses últimos anos, fui coerente com minha posição de 2002", disse. Aliada fiel de Lula desde então, ela diz não saber se o presidente está contente com seu trabalho. Sorrindo, brinca: "Eu estou satisfeita com ele."

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