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Desgastado, PT quer usar eleições municipais para fortalecer base de Dilma

Projeto de resolução apresentado nesta sexta-feira orienta as direções municipais a evitarem rupturas com partidos da base da presidente; prioridade, segundo o texto, é reeleger Haddad em São Paulo

Foto do author Vera Rosa
Por Ricardo Galhardo , Vera Rosa e Luciana Nunes Leal
Atualização:

RIO - Ciente do forte desgaste provocado pela crise econômica e escândalos de corrupção, o PT vai usar as eleições municipais deste ano para defender o legado do partido no governo federal e fortalecer a aliança que dá sustentação ao governo Dilma Rousseff. Projeto de resolução apresentado nesta sexta-feira, 26, ao Diretório Nacional do partido, reunido no Rio, orienta as direções municipais a evitarem rupturas com partidos da base de Dilma. Segundo o texto, ainda sujeito a alterações, a prioridade número um do partido nas eleições de 2016 é reeleger Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo.

Diretório Nacional do PT se reúne em evento no Rio pela comemoração dos 36 anos do partido Foto: Antonio Lacerda|EFE

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“Mesmo quando a eleição, em primeiro turno ou segundo turno, envolver disputa entre o PT e partidos da base aliada, devemos cuidar para que a busca pelo voto e a vitória não engendre animosidades e rupturas. Nossas alianças devem, assim, ser conquistadas não apenas para conquistar vitórias como também para garantir maior apoio político aos governos do PT e dos aliados, o que acarretará o fortalecimento do nosso projeto no cenário nacional”, diz o texto apresentado pelo presidente nacional da legenda, Rui Falcão.

De acordo com o documento, o objetivo da estratégia é “estabelecer uma contra-hegemonia na sociedade”. O termo contra-hegemonia, usado pelo filósofo marxista italiano Antonio Gramsci (1891-1937), significa adotar estratégias de disputa contra uma maioria estabelecida na sociedade e, assim, criar uma nova hegemonia.

Para isso, o PT espera que seus candidatos mirem nos eleitores beneficiados por programas sociais e defende que, apesar da crise econômica, os repasses sejam mantidos. “Mais que tudo, a campanha deve mobilizar os setores sociais beneficiados pelas políticas públicas de inclusão, que não devem ser sacrificadas, a despeito das restrições orçamentárias hoje existentes”, diz o documento.

De acordo com o texto, as candidaturas do PT nas eleições municiais devem “superar os padrões de despolitização, bem como responder aos ataques insidiosos que os adversários desfecham contra o nosso partido”.

Diante do fim das doações eleitorais empresariais, o PT defende uma volta às origens. “Mais que nunca é fundamental garantir auto-sustentação às campanhas, o que implicará contribuição financeira de militantes e simpatizantes, trabalho voluntário, enraizamento social e mobilizações coletivas”.

Do ponto de vista tático, o partido escolheu “a cidade de São Paulo a principal prioridade pelo seu sentido simbólico e estratégico”.

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Todas as candidaturas do PT em 2016 devem ser homologadas pelas instâncias superiores. No caso das capitais e cidades com mais de 100 mil eleitores, a decisão caberá ao Diretório Nacional, nas demais cidades, aos diretórios estaduais.

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