Deputados da CPI da Petrobrás se reúnem com presidente da estatal

Parlamentares vão questionar Aldemir Bendine sobre os prejuízos da companhia, registrados no balanço divulgado semana passada

PUBLICIDADE

Por Antonio Pita e Luciana Nunes Leal
Atualização:

RIO - Oito deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga casos de corrupção na Petrobrás estão reunidos nesta segunda-feira, 27, na sede da estatal, no Centro do Rio, com o presidente da companhia, Aldemir Bendine, e toda a diretoria. Os parlamentares vão questionar sobre os prejuízos da companhia, registrados no balanço divulgado semana passada, e sobre as investigações de corrupção na empresa. Um dos focos está nos trâmites de decisão na Petrobrás dos projetos sob suspeita. 

PUBLICIDADE

"Queremos saber como funciona o processo interno de decisão. Para construir o Comperj, por exemplo, como se dá a decisão, no conselho de administração, na diretoria, e qual a responsabilidade de cada um no processo", afirmou deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), ao chegar. "Também queremos saber sobre o balanço. A ex-presidente da empresa afirmou que havia um déficit de R$ 88 bilhões. Agora, a diretoria diz que são R$ 20 bilhões. Afinal, que mágica foi essa? O que são esses R$ 6 bilhões de corrupção?", completou Leite. 

Além dele, já estão na sede da empresa o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB); o primeiro vice-presidente, Antonio Imbassahy (PSDB-BA); o terceiro vice-presidente Kaio Maniçoba (PHS-PE); o relator Luiz Sérgio (PT-RJ); e os sub-relatores Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Altineu Côrtes (PR-RJ) e Bruno Covas (PSDB-SP). 

Primeiro, os deputados ouvirão uma apresentação da diretoria sobre os resultados e, em seguida, farão questionamentos e requisitarão documentos sobre as decisões do conselho de administração da empresa. A estratégia da oposição é tentar aproximar a investigação das decisões tomadas no conselho sobre os projetos sob suspeita durante a gestão da presidente Dilma Rousseff como membro do colegiado. 

"As decisões importantes são tomadas pelo conselho. Supõe-se que a presidente seja bem informada sobre esses processos. A presidente precisa assumir essa responsabilidade. Queremos atas dos encontros que resultaram em desvios desastrosos para o País", disse Leite, que também questionou a credibilidade dos números do balanço. 

Para ele, seria importante que dados passassem por uma nova auditoria independente para rechaçar dúvidas sobre o tamanho da baixa contábil nos valores dos ativos da companhia. A publicação do balanço, na quarta-feira passada, ocorreu após cinco meses de adiamentos, por causa da relutância da consultoria PricewaterhouseCoopers em assinar a auditoria independente validando os dados.

Publicidade

No balanço, a Petrobrás informou prejuízo de R$ 21,587 bilhões em 2014, o primeiro resultado negativo anual desde 1991, causado por perdas de R$ 6,194 bilhões com gastos relacionados à corrupção e de outros R$ 44,636 bilhões com a revisão no valor dos ativos. 

O relator da CPI, o petista Luiz Sérgio, afirmou que não vê motivos para uma nova revisão do balanço. "O balanço já foi auditado. Não há nenhum dado para colocar em dúvida o resultado do balanço", afirmou. Segundo o parlamentar, a visita também irá avaliar a saúde financeira da companhia e as ações de governança adotadas após a operação da Lava Jato. "Vamos ouvir da nova diretoria o que está sendo feito para tolher situações semelhantes às que ocorreram", disse Sérgio.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.