Deputados da base e da oposição brigam no plenário da Câmara

Parlamentares trocam socos em dia de intensa instabilidade política e jurídica no País

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Foto do author Adriana Fernandes
Por Idiana Tomazelli , Adriana Fernandes e Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - Deputados da base e da oposição trocaram socos, empurrões e pontapés nesta quarta-feira, 24, no centro do plenário da Câmara dos Deputados. A confusão foi generalizada, e o deputado André Fufuca (PP-MA), que presidia a sessão no momento, pediu o auxílio de seguranças da Câmara dos Deputados.

Câmara tem sessão tumultuada comprotesto de entidades sindicais em ato pedindo "Fora Temer" na Esplanada dos Ministérios em frente ao Congresso Nacional em Brasília Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Entre os que estavam no meio do empurra-empurra, foi possível ver os deputados Darcísio Perondi (PMDB-RS) e Carlos Marun (PMDB-MS), da base, e Alessandro Molon (Rede-RJ), da oposição. Mas a briga envolveu grande número de parlamentares. O clima só se acalmou quando o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), retornou à Mesa e informou que a sessão estaria suspensa por 30 minutos.

Parlamentares do PT, PDT, PSOL e Rede subiram em cima da Mesa Diretora e ficaram ao lado do segundo-vice-presidente da Casa, deputado André Fufuca, que presidia a sessão, para pressionar o parlamentar maranhense a encerrar os trabalhos. Ao ver o protesto, deputados governistas também subiram, para tentar "proteger" Fufuca da pressão. Foi neste momento que Edmilson e Perondi se empurraram. Os opositores protestam contra a reação da polícia à manifestação realizada em frente ao Congresso Nacional contra as reformas trabalhista e da Previdência e contra o governo Michel Temer, abalado por crise política deflagrada pela delação premiada da JBS. Eles gritam palavras de ordem contra o governo como "Fora Temer" e "O povo quer votar, diretas já". "Lula na cadeia", reagem parlamentares da base. Mais cedo, deputados como o líder da oposição na Câmara, José Guimarães (PT-CE), Jandira Feghali (PC do B-RJ) e Orlando Silva (PC do B-SP) relataram reação exagerada da polícia durante o protesto realizado pelas centrais sindicais em frente ao Congresso. De acordo com os parlamentares, policiais jogaram bombas de gás e spray de pimenta em pessoas que não estavam cometendo delitos, inclusive em alguns deputados. Parlamentares da oposição recolheram algumas dessas bombas de gás e trouxeram para dentro do plenário. Eles posicionaram os instrumentos em frente da Mesa Diretora. A pedido de Fufuca, a segurança da Casa retirou os equipamentos. Com a confusão, Maia foi chamado às pressas e assumiu o comando dos trabalhos.

Estopim. A tensão no plenário da Câmara atingiu momentos dramáticos depois que chegou a informação aos parlamentares da oposição de que Maia havia solicitado ação das Forças Armadas para reforçar a segurança.

Parlamentares da oposição imediatamente cobraram de Maia, que presidia uma sessão já marcada por grande tumulto e desordem, uma posição oficial. Diante da resposta afirmativa do presidente da Câmara de que havia pedido apoio "apenas" da Força Nacional, o plenário incendiou com os parlamentares aos gritos, lembraram que o ato marcava um momento histórico triste para Nação que não acontecia desde a redemocratização do País. O estopim para o plenário virar campo de batalha foi a declaração do ministro da Defesa, Raul Jungmann, de que a decisão do presidente Michel Temer de decretar uma ação de Garantia da Lei e da Ordem, com uso de tropas federais, foi tomada após solicitação de Maia por causa da violência dos manifestantes na Esplanada do Ministérios. Maia, então, deixou o plenário para se reunir com os líderes, mas teve que retornar pouco tempo depois porque deputados da oposição e da base de apoio ao presidente Michel Temer começaram a trocar socos e empurrões. Ele teve que voltar para dar mais explicações e tentar acalmar os ânimos. Acabou suspendendo a sessão.

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