BRASÍLIA - O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, afirmou nesta segunda-feira, 22, que o senador Delcídio Amaral (PT-MS) não tem “condições morais” de voltar a ocupar uma vaga no Senado. O petista permaneceu quase três meses preso por tentativa de obstruir as investigações da Operação Lava Jato, mas foi solto na noite da última sexta-feira por decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“O senador Delcidio deve ter acesso à ampla defesa e ao devido processo legal nas ações que pesam contra ele, mas não tem, neste momento, condições morais de ocupar uma vaga no Senado da República. Afastá-lo do poder que o mandato lhe confere também protege o bom andamento das investigações", afirmou o presidente da OAB, em nota.
Delcídio foi denunciado pela PGR ao Supremo pela tentativa de atrapalhar as investigações e é alvo de mais dois inquéritos no âmbito da Lava Jato. Em conversas gravadas pelo filho do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró, o senador aparece negociando o silêncio do ex-diretor da estatal. Nas gravações, Delcídio sugere uma rota de fuga e dinheiro à família de Cerveró, para não ser mencionado em eventual acordo de delação premiada.
Para Lamachia, que assumiu a presidência da OAB no início do mês, as conversas gravadas são motivo para que o senador não retome o mandato. "As gravações tornadas públicas que mostram o teor da atuação do senador Delcídio do Amaral em favor de um dos envolvidos no esquema de corrupção da Petrobrás são motivo para que ele não reassuma seu mandato”, afirmou o presidente da entidade.
Pela decisão de Zavascki, Delcídio pode retomar os trabalhos no Senado, devendo manter-se recluso em sua residência no período noturno e nos finais de semana.