Delação premiada não é 'prova definitiva', diz ministro da Justiça

Cardozo afirmou que Edinho e Mercadante vão solicitar a Teori acesso a toda o depoimento do dono da UTC, Ricardo Pessoa

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Por Rafael Moraes Moura e Ricardo Della Coletta
Atualização:

BRASÍLIA - Um dia depois de vir a público o teor da delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse na tarde deste sábado, 27, que não se deve tomar como "prova definitiva" as acusações feitas. 

Conforme informou Cardozo, os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social) vão solicitar ao  ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), acesso à delação premiada do dono da UTC, que incluiu os seus nomes.

'O governo tem interesse claro em que a investigação vá a fundo e o mais rápido possível', disse Cardozo, ao lado de Edinho Foto: Dida Sampaio/Estadão

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"A delação premiada, o depoimento prestado, não é uma prova definitiva, como o próprio Judiciário reconhece. É uma guia de investigação. Não se pode culpar ou não culpar alguém pelo simples fato de estar num depoimento, especialmente um depoimento prestado numa condição em que a pessoa quer obter benefícios", disse Cardozo, depois de participar de reunião com a presidente Dilma Rousseff (PT) e os ministros Edinho e Mercadante para tratar dos desdobramentos da Operação Lava Jato.

Dono da UTC, Ricardo Pessoa apresentou à Procuradoria-Geral da República documento que cita repasse de R$ 250 mil à campanha do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, ao governo de São Paulo em 2010.

A informação consta da planilha intitulada "pagamentos ao PT por caixa dois", entregue durante os depoimentos prestados em delação premiada. O empreiteiro também teria citado o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, que foi tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014. Os dois ministros negam irregularidades. 

"Quando a pessoa é atingida, ela não pode ser pré-julgada. Quem faz delação terá de responder caso tenha falado alguma inverdade. Não há por que duvidar da palavra do ministro Edinho, sempre agiu com muita correção. É muito ruim esses vazamentos porque não sabemos efetivamente o que está lá (no depoimento)", disse Cardozo. "O governo tem interesse claro em que a investigação vá a fundo e o mais rápido possível."

Indignação. Segundo o Broadcast Político - serviço de notícias em tempo real da Agência Estado - apurou, o vazamento do teor da delação deixou indignada a presidente Dilma Rousseff. O Palácio do Planalto vê nas acusações uma tentativa de criminalizar as doações legais da campanha à reeleição da presidente.

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"Cadê as outras doações? Cadê as outras campanhas (nas acusações de Pessoa)?", questionou um interlocutor direto da presidente à reportagem.

Durante a reunião no Palácio da Alvorada, Dilma manifestou solidariedade e orientou os ministros a irem a público prestar esclarecimentos e saírem em defesa de suas honras. 

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