Delação da J&F era 'extremamente problemática', diz Gilmar

Para ministro, pressa da Procuradoria-Geral da República teria gerado acordo falho e investigações precárias

PUBLICIDADE

Por Andrei Netto
Atualização:

PARIS -O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse que a delação da J&F, utilizada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para denunciar o presidente Michel Temer, era "extremamente problemática" e amparou investigações precárias. As declarações foram feitas na manhã desta terça-feira, 5, em Paris, onde o ministro tem agenda oficial.

Ministro Gilmar Mendesdiz que delação era 'extremamente problemática' Foto: Andre Dusek/Estadão

PUBLICIDADE

+++ Procurador avisa que delatores da JBS podem sofrer 'perda total' da premiação

Para Gilmar, o STF já havia levantado questões sobre a pertinência e a legalidade do acordo de delação premiada firmado pela PGR. "Eu chamei a atenção no julgamento da questão da delação de que nós precisávamos tomar todo cuidado. Inclusive, quanto a possibilidade de revisão, a necessidade de apreciar esses casos no colegiado, e me parece que meus prognósticos se confirmaram", afirmou o ministro.

Sobre as supostas citações a membros do STF nas novas gravações entregues à PGR, o ministro pediu calma nas investigações. "Temos que esperar. Isso tem que ser revelado. Essa guerra psicológica não adianta nada, né? Quer dizer, o importante é que se esclareça e que se tire isso tudo a limpo", reiterou.

Quanto à perspectiva de que a delação seja anulada, e que as provas obtidas a partir das gravações sejam questionadas pela defesa dos suspeitos, Mendes considera uma possibilidade. "Vamos aguardar. Eu tenho a impressão que todos sabiam que era uma delação extremamente problemática, desde o começo", avaliou. 

+++ Análise: Pressa em lançar flechas pode fazer Janot virar alvo

"A Polícia Federal tinha feito observações muito críticas em relação à pressa com que a procuradoria conduziu todo o episódio e agora está se vendo o preço que se cobra para isso", completou o ministro. 

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.