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Defesa de Temer solicita áudios e reforça pedido de suspeição contra Janot

Os dois pedidos são feitos após procurador-geral revelar conversa entre delatores com conteúdo 'gravíssimo'

Por Breno Pires e Carla Araujo
Atualização:

BRASÍLIA - Um dia depois de a Procuradoria-Geral da República admitir a possibilidade de rescindir o acordo de colaboração premiada de executivos da JBS, a defesa do presidente Michel Temer pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso a todos os áudios relacionados à JBS. Em outra frente, enviou um novo recurso contra a decisão do ministro Edson Fachin de rejeitar o pedido de suspeição contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

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Os dois pedidos foram feitos após o próprio Janot revelar um áudio de uma conversa entre os delatores Joesley Batista e Ricardo Saud que teria um “conteúdo gravíssimo”, na interpretação preliminar do procurador, e apresentaria indícios de omissão de crimes no acordo de colaboração premiada e lança suspeita sobre a atuação do ex-procurador da República Marcelo Miller.  A defesa de Temer — assim como os aliados do presidente — defende a liberação rápida do material para a análise do inteiro teor.

Segundo um auxiliar de Temer ouvido pela reportagem, o momento pede prudência, equilíbrio e responsabilidade para o presidente. 

Após a análise dos áudios a defesa poderá trabalhar em cima de novas críticas ao acordo de colaboração da JBS e também para desqualificar a denúncia que ainda deve ser enviada pela PGR contra o presidente Temer, investigado sob participação em organização criminosa e obstrução de justiça. 

Em relação ao pedido de suspeição de Janot, a defesa de Temer simplesmente ratificou o conteúdo do recurso que já havia enviado sexta-feira, 1.º, passada ao Supremo. O motivo do reenvio, segundo a peça encaminhada pelos advogados do presidente, é o fato de que só na segunda-feira, 4, foi publicada no Diário de Justiça do Supremo a decisão monocrática do minsitro Edson Fachin rejeitando o pedido feito por Temer contra Janot.

No recurso, agora ratificado, a defesa do presidente pede que uma eventual nova denúncia oferecida contra o presidente seja suspensa até a Corte analisar um pedido de suspeição formulado contra o procurador-geral. Segundo a defesa do presidente, Janot coloca “todas as suas energias e capacidade a serviço da causa única e pessoal de destituir o presidente da República, mais um demonstrativo de sua inimizade”.

Os advogados criminalistas Antônio Cláudio Mariz de Oliveira e Jorge Urbani Salomão também afirmam que as prerrogativas do cargo não autorizam Janot a sair “atirando flechas na direção do presidente da República”, em alusão a uma recente declaração de Janot, de que “enquanto houver bambu lá vai flecha”.

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