Defesa de dono de sítio em Atibaia acusa Ministério Público de 'deslealdade processual'

Advogados de Jonas Suassuna Filho dizem que audiência com executivo foi desmarcada duas vezes pelos procuradores e que já colocaram sigilos bancário, fiscal e telefônico à disposição da Justiça

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Por Luciana Nunes Leal
Atualização:
Polícia Federal na sede do Instituto Lula Foto: Marcelo Gonçalves| Futura Press

Rio - Os advogados de Jonas Leite Suassuna Filho, um dos alvos da 24ª etapa da Operação Lava Jato, protestaram na manhã desta sexta-feira, 4, contra o mandado de busca e apreensão cumprido na casa do empresário e na sede do Grupo Gol, que reúne editoras de material impresso e virtual, tecnologia da informação e criação de aplicativos. Suassuna é um dos proprietários do sítio em Atibaia (SP) frequentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Nos causou perplexidade e indignação a deslealdade processual  do Ministério Público. Havia um depoimento  (de Suassuna) agendado para ontem (quinta-feira, 3) que foi desmarcado na véspera pelo Ministério Público. Outro depoimento, marcado para a semana anterior, também foi desmarcado. Nós já franqueamos os sigilos (bancário, fiscal e telefônico do empresário) , o que reafirmamos na quarta-feira. E agora ele é vítima desta medida coercitiva", afirmou Bergher sobre o mandado de busca e apreensão. Sócio de Bergher, o advogado Raphael Mattos disse que  toda a documentação sobre o sítio já estava separada por Suassuna e seria levada ao Ministério Público Federal em Curitiba, onde o empresário seria ouvido. "Nós iríamos ontem de manhã para Curitiba com toda a documentação que comprova a propriedade do sítio e os investimentos feitos na propriedade", afirmou. Para Mattos, a busca e apreensão foi  "uma falta de necessidade extrema". Bergher e Mattos negaram que houvesse mandado de condução coercitiva de Jonas Suassuna. "Não houve esse mandado, estamos à disposição há mais de duas semanas", afirmou Bergher. Segundo os advogados, Suassuna recebeu os agentes da Polícia Federal em casa, na manhã desta sexta-feira, 4. A Polícia Federal e o Ministério Público apuram se Lula é proprietário oculto do sítio e também investigam obras feitas no local por empreiteiras que têm contrato com a União. O ex-presidente nega ser dono do sítio e diz que a compra foi uma "surpresa" de um grupo de amigos para que ele pudesse desfrutar da propriedade depois de que deixasse a presidência da República. Agentes da Polícia Federal e da Receita Federal apreenderam telefones celulares, tablets e HDs de computadores pessoais de Suassuna e de sua mulher, Claudia Bueri, no apartamento onde o casal vive, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca (zona oeste). O advogado Mauro Gomes de Mattos, que também atua na defesa do empresário, estranhou que objetos de Claudia tenham sido levados. Segundo ele, a mulher de Suassuna não era alvo do mandado de busca e apreensão. Dois carros, um da Polícia Federal e outro da Receita Federal, chegaram ao condomínio por volta as 6h desta sexta-feira e saíram em torno de 8h30.