Custo Brasil

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Por Eliane Cantanhêde
Atualização:

Ministério Público Federal e Polícia Federal acreditam que o roubo no Ministério do Planejamento na gestão Paulo Bernardo (PT), durante o governo Lula, chegou a R$ 100 milhões, desviados de contratos com a empresa Consist, responsável pelo sistema de crédito consignado dos servidores federais.

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Em delação premiada, Sérgio Machado (PMDB) disse que, nos seus cerca de dez anos na presidência da Transpetro, subsidiária da Petrobrás, repassou mais de R$ 100 milhões para integrantes da cúpula do seu partido: José Sarney, Renan Calheiros, Edison Lobão, Romero Jucá...

Um único gerente da Petrobrás, que nem diretor era, se comprometeu na delação premiada a devolver aos cofres públicos a bagatela de US$ 100 milhões: Pedro Barusco, ex-gerente executivo da Diretoria de Serviços da maior, mais simbólica e mais querida companhia brasileira.

Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobrás, disse em depoimento que transferiu uns US$ 100 milhões de propina ao governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) com a venda da empresa petrolífera Pérez Companc.

De grão em grão, a galinha enche o papo. Pois, de 100 milhões em 100 milhões (de reais ou de dólares), o País vai empobrecendo em saúde, educação, habitação, costumes, ética e o que, talvez, seja o mais assustador: em política.

O PT passou 20 anos na oposição, vendendo-se como puro contra todos os demais, os impuros, até assumir o poder e não apenas se embolar e se confundir com os impuros, como chegar a ponto de disputar com eles em diferentes modalidades: “Quem dá mais?”; “É dando que se recebe”; “Toma lá, dá cá”.

Depois de 20 anos de uma disputa sangrenta, PT e PSDB, os dois partidos mais respeitados do País, se veem não diante, mas dentro de um cenário de terra arrasada. Se houvesse eleição antecipada, como alguns insistem em defender, quem seria candidato do PT? Lula, atingido em cheio pelos filhos, pelo partido, por sítios e tríplex? E quem seria o do PSDB? Aécio Neves, arroz de festa em delações sobre Furnas?

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Nessa situação um tanto desesperadora, o mundo se divide em dois: a sociedade vibra com gravações, delações e prisões, mas o universo político começa assumir movimentos de autoproteção.

Quando o ex-tucano e ex-petista Delcídio Amaral viveu o ineditismo de um senador preso no exercício do mandato, o plenário do Senado aprovou e votou a favor da sua prisão. Quando o ex-tucano e peemedebista Machado entregou 20 políticos e fez um strike no PMDB de Michel Temer, o PT foi contido e discreto. Agora, quando o MP e a PF fazem busca e apreensão no apartamento funcional da senadora petista Gleisi Hoffmann, enquanto prendiam Paulo Bernardo, seu marido, o PSDB não ficou apenas contido e discreto, mas partiu para vibrante defesa.

Segundo o líder tucano, Cássio Cunha Lima, foi “um absurdo” um juiz de primeira instância mirar no apartamento funcional de uma senadora, pois só o Supremo Tribunal Federal poderia fazê-lo. “Apesar de políticos, somos gente (sic). É preciso ter um mínimo de compreensão com a dor alheia. O silêncio dos senadores é um silêncio respeitoso”, disse ele.

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Trata-se do velho espírito de corpo, quando a Lava Jato escancara tudo, expõe todos e cada um. Aparentemente, nenhum partido sobrevive e todos os políticos caem na mesma vala comum, na percepção cruel e destruidora de que “todos são iguais”. O problema é que isso tudo dispara o espírito de corpo dos políticos, mas o brasileiro está cada dia mais espírito de porco – no bom sentido.

Ausência. O líder natural na América do Sul é o Brasil, que tem o maior território, a maior economia, a maior planta industrial, a maior população. Mas, apesar disso, o Brasil ficou totalmente fora do acordo histórico entre Farc e governo na Colômbia. Por quê? Por ideologia. Preferiu se agarrar à Venezuela, que é de “esquerda”.