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Cunha e família no roteiro da realeza

'Estado' visita hotéis de luxo e restaurantes pelos quais peemedebista, mulher e filha passaram

Por Jamil Chade , Andrei Netto e correspondentes
Atualização:
No hotel Plaza Athénée, em Paris, Cunha gastou mais de US$ 15,9 mil Foto: Divulgação

ZURIQUE, PARIS E BARCELONA - Do alto do morro de Adlisberg, a vista da cidade de Zurique e dos Alpes é de cartão-postal. No local, impera o Grand Hotel Dolder desde 1899, decorado com obras de Salvador Dalí e Andy Warhol. Além de ter sido cenário do filme A Garota com Tatuagem de Dragão, de David Fincher, o hotel já hospedou Henry Kissinger, Winston Churchill, Liz Taylor, Luciano Pavarotti, Hillary e Bill Clinton, o príncipe William, David Cameron e o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Além do Dolder, o peemedebista também já descansou a cabeça e o corpo em vários outros hotéis de luxo da Europa.

Parte de despesas de passeios pelo velho continente foram pagas com propina do esquema de corrupção da Petrobrás, segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República acatada pela Justiça Federal contra a mulher do deputado, a jornalista Cláudia Cruz. A PGR sustenta que ela usou recursos ilícitos para cobrir elevadas despesas com luxos comprados no exterior, incluindo as hospedagens. O Estado foi conhecer alguns locais escolhidos pelo casal.

Grand Hotel Dolder, na Suíça Foto: Divulgação

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No dia 12 de fevereiro de 2013, por exemplo, a conta do réu e da ré da Operação Lava Jato foi de US$ 1.043,40 no Dolder. O casal usou o cartão Corner Card. O dinheiro de desvios na estatal teria sido transferido para a conta Kopek, em Genebra. No dia seguinte à estada no Dolder, Cunha foi para outro hotel de Zurique, o Baur au Lac, com uma conta maior: US$ 3,6 mil. O local, dois anos depois, seria o mesmo palco da operação policial conduzida pelos suíços que terminou com a prisão de outro brasileiro acusado por corrupção: José Maria Marin, o ex-presidente da CBF.

Primavera. Outro sinônimo de sofisticação foi desfrutado por Cunha já no mês seguinte, quando as flores desabrocham, só que na Espanha. O W. Barcelona já recebeu nobres do Oriente Médio, como o Rei Abdala II da Jordânia e a rainha Rania. No dia 25 de março, sua conta no local foi de US$ 3,5 mil. No mesmo mês do ano seguinte, novamente sob o perfume da primavera, a família Cunha pagou US$ 4,9 mil para se hospedar em um dos hotéis mais caros da Itália, o Danieli, em Veneza. No Four Seasons, em Florença, Cunha deixou US$ 2,7 mil. No Raphael, em Roma, a conta ficou mais barata, US$ 1,9 mil, no dia 3 de março de 2014.

 Foto: Infográfico/Estadão

Estrelados. Paris também foi bem explorada pelo casal Cunha. Em fevereiro de 2015, no auge da Lava Jato, Cunha, Cláudia e sua filha escolheram o Plaza Athénée, um palácio francês frequentado pelas maiores fortunas do mundo. A família pagou a fatura no dia 19 de US$ 15.880,26. No restaurante do hotel, uma refeição pode chegar a € 390. Cinco dias antes, a rotina gastronômica começara no Guy Savoy, um restaurante à beira do Rio Sena, com três estrelas no Guia Michelin. Valor: US$ 1.357,24.

No dia seguinte, a família resolveu pagar menos. Em 15 de fevereiro, o gasto foi de US$ 965,69 no Les Tablettes – Jean-Louis Nomicos, de só uma estrela no Michelin, situado no 16.º Distrito de Paris, um dos mais elitistas da capital. Na véspera de partir, no dia 18, o trio voltou a escolher um três estrelas, o Le Grand Véfour: US$ 1.177,76.

Hospedagem de US$ 4,9 mil no hotel Danieli, em Veneza, teria sido paga com dinheiro de propina do esquema na Petrobrás, segundo o MPF Foto: Divulgação

Entre almoços e jantares, Cláudia e a filha conseguiram encaixar compras em lojas de luxo. Na Louis Vuitton, deixaram US$ 1.482,11. O dia seguinte, 16, foi intenso: US$ 8.111,79 na Ermenegildo Zegna, situada na Rue du Faubourg Saint-Honoré, perto do Palácio do Eliseu; US$ 2.879,51 na Chanel; US$ 6.537,77 na Charvet Place Vendôme; outros US$ 1.676,65 na Hermès; e US$ 960,58 na Balenciaga. Total do dia: US$ 20.166,30. Dois dias depois, Cláudia voltou à Chanel: mais US$ 1.178,11.

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Já em Cascais, em Portugal, Cunha soube o que é dormir em um palácio real, tal como diz o slogan do Grande Real Villa Hotel, em 22 de fevereiro de 2015. Por isso, deixou US$ 2,9 mil aos súditos.

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