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Crise política agravou queda da indústria, que voltou a nível de 2004

Incentivos como redução do IPI não conseguiram reverter a baixa competitividade nacional diante dos importados

Por Luiz Guilherme Gerbelli
Atualização:

A produção industrial tem acumulado quedas sucessivas e opera hoje no nível de 2004. Os primeiros sinais de fraqueza surgiram em 2010, como reflexo da crise internacional. O real valorizado, que barateava os importados, somado ao chamado Custo Brasil (elevada carga tributária, custo de mão de obra e entraves burocráticos) evidenciou a perda de competitividade da produção nacional. Na época, o crescimento da economia brasileira passou a ser atrativo para a indústria mundial. O País sentiu pouco os efeitos da crise e consumia como nunca. Com a indústria pouco competitiva, a demanda interna passou a ser atendida por produtos importados e as exportações brasileiras perderam fôlego num mundo que crescia pouco. O resultado foi o aumento do déficit comercial dos produtos manufaturados e o menor crescimento da indústria brasileira.

“Entre 2004 e 2010, o crescimento médio da produção da indústria foi de 3,7% num período em que o PIB cresceu 4,5%”, lembra Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada. “Nessa época, o consumo cresceu muito acima do PIB, o que certamente puxou a indústria. Mas uma parte desse consumo vazou via importações.”

 

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A crise da indústria se agravou no ano passado com a crise política, que provocou brusca queda na confiança de empresários e consequente tombo dos investimentos. O setor de bens de capital recuou 28,3% nos 12 meses encerrados em março.

A indústria na gestão do PT foi marcada por uma série de incentivos. No auge da crise internacional, a equipe chefiada por Guido Mantega reduziu tributos, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), para estimular a venda de veículos e da linha branca. As medidas mostraram fôlego no início, mas se esgotaram. O governo também começou a usar o BNDES para oferecer crédito barato às empresas chamadas de campeãs nacionais.

No primeiro ano de seu governo, Dilma Rousseff chegou a anunciar o plano Brasil Maior para dar competitividade à indústria. Ao longo dos anos, houve uma série de desonerações da folha de pessoal de diversos setores. Apoiado pelas principais associações industriais, o governo reduziu o preço da energia elétrica e baixou a taxa básica de juros para 7,25% ao ano. “O governo tomou uma série de medidas que acabou não estimulando a indústria”, resume Nelson Marconi, professor e coordenador do Fórum de Economia da FGV.