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Criminalista, Mariz é um dos cotados para a Justiça

Será uma escolha pessoal’, diz Temer, que conversa com PSDB e PMDB para resolver impasse entre legendas em disputa por vaga

Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa , Ricardo Brito , Tania Monteiro , Carla Araujo e Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer iniciou, reservadamente, as consultas para definir o substituto do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes - indicado por ele para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Até agora, o nome mais cotado para ocupar a pasta é o do advogado criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira.

As bancadas do PMDB na Câmara e no Senado já avisaram o presidente que não aceitarão um nome do PSDB na Justiça. Nos bastidores, os peemedebistas dizem que os tucanos estão muito bem contemplados com cinco ministérios e um nome indicado para o Supremo. Moraes era filiado ao PSDB, mas se desligou ontem do partido.

Amigo de longa data de Michel Temer, o advogado Antônio Mariz de Oliveira chegou a ser nome quase certo para o Ministério da Justiça. Depois, foi convidado para assumir a Defesa. Algando que se sentiria um 'estranho no ninho', elerecusou. Foto: Keiny Andrade/AE

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“Será uma escolha pessoal”, disse Temer aos repórteres, mais cedo, indicando que não cederá a pressões de partidos para esta nomeação. Questionado pelo Estado sobre quanto tempo levará para escolher o sucessor de Moraes na Justiça, Temer respondeu: “Me dá uns 15 dias”.

O tempo coincide com o prazo já anunciado pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), para o processo de sabatina e votação do nome de Moraes na Casa. Para ocupar o posto, o candidato a ministro do Supremo precisa ser sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado antes de sua indicação ser votada na própria comissão e também no plenário da Casa. Eunício espera que a CCJ seja instalada amanhã.

Temer chegou a convidar Mariz para a Justiça logo que assumiu a Presidência, em maio do ano passado, ainda como interino. Teve de “desconvidar”, porém, depois que o advogado deu declarações contrárias ao modo como agia a força-tarefa da Lava Jato e criticou as investigações.

O presidente avalia que ficou com uma dívida moral com o amigo de longa data, que já foi secretário de Segurança e Justiça em São Paulo. Por pressão da chamada “bancada da bala” na Câmara, o Ministério da Justiça também incorporou a segurança pública no nome. Ontem, Temer ouviu sugestões para convidar o ex-secretário de Segurança do Rio José Mariano Beltrame. Temer também gosta do ex-ministro do Supremo Ayres Brito, mas no ano passado o magistrado não aceitou ser indicado para o ministério.

O PMDB e o PSDB - dois partidos com lideranças investigadas na Lava Jato -- disputam o comando da Justiça, a quem a Polícia Federal é subordinada. A bancada peemedebista no Senado não faz questão de apadrinhar qualquer nome, sob receio de ir para os holofotes. Pretende, porém, ter participação ativa na escolha.

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Uma ala do PMDB da Câmara, porém, quer a nomeação de um integrante da bancada de Minas Gerais. Eleito sem o apoio do Palácio do Planalto, o novo primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados, Fábio Ramalho (PMDB-MG), cobrou ontem que Temer nomeie o deputado Rodrigo Pacheco.

"O PMDB de Minas não aceita mais ficar sem ministério. Minas quer participar do governo. Nós temos a segunda maior economia do Brasil, a segunda maior população. Fomos a bancada que demos mais votos para o impeachment (da ex-presidente Dilma Rousseff)", afirmou o 1º vice-presidente.

Ramalho disse ter sugerido o nome de Pacheco pessoalmente a Temer, ao ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e ao líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), nesta terça-feira, durante o almoço do presidente da Argentina, Maurício Macri, no Palácio do Itamaraty.

O líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), afirmou, no entanto, que a maioria da bancada não quer a Justiça e prefere ocupar a liderança do governo na Casa, hoje comandada por André Moura (SE), do nanico PSC, ou ter um ministério com capilaridade, em que possam fazer ações para atender as bases eleitorais.

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Ainda ontem, Temer se reuniu no Planalto com Jucá, também presidente do PMDB, e o secretário de Governo, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), para tentar resolver um impasse. Depois, Jucá conversou com lideranças tucanas no Senado.

A avaliação das alas peemedebistas é a de que o partido, principalmente a bancada da Câmara, está sub-representado na Esplanada dos Ministérios. O PMDB da Câmara perdeu, com a queda de Geddel Vieira Lima da Secretaria do Governo, assento no núcleo duro do governo. Por outro lado, o PSDB está suficientemente agradado com as recentes mudanças promovidas por Temer. Os tucanos também estão à frente da Secretaria de Governo, com Imbassahy, do Ministério das Cidades, com Bruno Araújo (PSDB-PE) e das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), e Direitos Humanos, Luislinda Valois, que também foi recentemente nomeada pelo presidente. O PMDB tem apenas um ministério a mais.

Os próprios tucanos, porém, têm tido dificuldades de fechar um nome de consenso. Os senadores pelo partido Antonio Anastasia (MG) e Aloysio Nunes Ferreira (SP) já informaram aos colegas da bancada que não gostariam de assumir o cargo. A quem o procura, Anastasia diz que, por ter sido relator do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, não se sentiria confortável em assumir o ministério da gestão que a sucedeu. Líder do governo Temer no Senado, Aloysio Nunes disse ao Broadcast Político que não há a "menor hipótese" de querer postular o cargo.

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