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Corregedoria liga secretário de Haddad a cartel

Segundo nota oficial do órgão do governo paulista, Osvaldo Spuri, que trabalhou na CPTM, era responsável por documentos de licitações que teriam sumido

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Por Redação
Atualização:

São Paulo - A Corregedoria-Geral de Administração do Estado ligou nesta quinta-feira o secretário de Infraestrutura do prefeito Fernando Haddad (PT), Osvaldo Spuri, ao cartel de trens suspeito de ter atuado em governos tucanos em São Paulo entre 1998 e 2008. Em nota oficial divulgada à imprensa, o órgão estadual diz que Spuri era o responsável por documentos de licitações que teriam sumindo da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).Spuri, que entrou no secretariado na cota pessoal de Haddad, é funcionário afastado da CPTM e foi o presidente da comissão de licitações em concorrência na qual a alemã Siemens diz ter havido formação de cartel. Ele participou de licitações na CPTM nas gestões de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todos do PSDB. O jornal Folha de S.Paulo revelou na quarta-feira que Spuri é alvo da Corregedoria. O secretário de Haddad nega ter sido o responsável pelos documentos que mostravam como os preços de referência de licitações eram elaborados. Ele diz que a documentação em questão, porém, foi enviada ao arquivo da CPTM e ao Tribunal de Contas do Estado. Spuri foi o responsável pela licitação da Linha 5 do Metrô, cujo projeto foi originalmente planejado na CPTM, e é um dos contratos denunciados pela Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão do governo federal.O secretário de Haddad foi ouvido duas vezes pelos corregedores do governo Alckmin. Nos depoimentos, negou ter sido o responsável pela formação de preços. Ele também afirmou que participou da licitação da aquisição de 40 trens pela CPTM em 2008 e 2009 - contrato também mencionado pela Siemens no acordo de leniência, mas disse que nesse caso não era o presidente da comissão.Depois dos depoimentos, a Corregedoria lhe enviou um ofício pedindo que ele mostrasse documentos relativos à formação de preços da compra dos 40 trens, mas ele respondeu que tal serviço era de responsabilidade da área técnica de engenharia, e não da comissão de licitações.Nesta quarta, na nota, a Corregedoria relatou que a CPTM expediu ofício declarando que "o sr. Osvaldo Spuri, além de presidir as Comissões de Licitações, era Coordenador Técnico dos Projetos, de sorte a congregar todas as informações, inclusive a formação de orçamento".O sumiço dos documentos remonta a reunião ocorrido em novembro do Grupo Externo de Acompanhamento, criado por Alckmin para que a sociedade civil acompanhasse a apuração da Corregedoria. Na ocasião, integrantes do grupo pediram a funcionários da CPTM documentos que mostrassem como a estatal compôs seus preços nas licitações denunciadas pela Siemens. A CPTM, porém, informou que tais documentos não foram encontrados.

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Nesta quarta, Spuri emitiu nota na qual se diz vítima de um ataque da CPTM e da Corregedoria. "Manifesto minha indignação pela forma com que a CPTM e a Corregedoria do Estado tentam atingir a minha honra". Ele reiterou que "as composições de preços unitários dos sistemas foram calculadas e elaboradas pela área técnica de engenharia de sistemas da CPTM, que não era subordinada a comissão de licitação" e disse que "a documentação que compõe o processo licitatório foi encaminhado para o arquivo da CPTM em Presidente Altino e para o TCE". "Parte destes documentos também foi encaminhada ao BID".

 

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