Corpos devem ser liberados em 2 ou 3 dias’, diz Alckmin

Governador afirmou que estima finalizar identificação o mais rápido possível; prazo é considerado curto diante da complexidade

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Por Adriana Ferraz , Igor Gadelha e Rafael Italiani
Atualização:

SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou nesta quinta-feira, 14, que o Estado está trabalhando para que a identificação do corpo de Eduardo Campos e das outras seis vítimas do acidente aéreo termine o mais rápido possível. “Os corpos devem ser liberados entre dois e três dias”, disse ele, durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, realizada após reunião com uma comitiva do PSB, que acompanha os trabalhos. Representantes do partido já programam o enterro de Campos para o fim de semana.

Alckmin ainda citou que a viúva do ex-governador, a economista Renata Campos, pediu ao governo paulista que não privilegie o marido em relação aos demais tripulantes e passageiros do Cessna Citation 560XL, prefixo PR-AFA, que caiu na manhã de quarta-feira, em Santos. A aeronave não conseguiu pousar na pista da Base Aérea de Santos, que fica em Guarujá, no litoral paulista. Renata solicitou que os sete corpos fossem liberados juntos.

Caminhão refrigerado chega ao IML de Pinheiros com fragmentos dos corpos Foto: Mário Ângelo/Sigmapress

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Com a pressão política e a comoção em torno da tragédia, o governo estadual determinou que nenhum outro caso fosse assumido pelo Instituto Médico-Legal (IML) de São Paulo. O prédio, que fica no centro da capital, está fechado para qualquer atendimento que não seja o trabalho de identificação dos corpos. A polícia científica paulista trabalha no local com 30 peritos, que têm a ajuda de outros quatro da Polícia Federal.

Mas, apesar da pressa e da quantidade de profissionais envolvidos, o prazo é considerado curto, de acordo com especialistas ouvidos pelo Estado. Na média, a identificação de um corpo via exame de DNA demora cerca de um mês em São Paulo, segundo informação da perita criminal aposentada Rosângela Monteiro. Segundo ela, quando o processo é rápido, leva ao menos uma semana.

Na tarde desta quinta-feira, diferentemente do discurso adotado por Alckmin, o diretor do IML, Ivan Miziara, não quis estipular um prazo para o término dos trabalhos. Ele afirmou que “a grande maioria” dos fragmentos de corpos já estavam sob a análise dos peritos, mas ressaltou que a comparação do material genético colhido das vítimas com o DNA de seus parentes ainda precisava ser iniciada.

Essa etapa de comparação é a última do processo de identificação dos corpos, mas isso não quer dizer que possa ser feita rapidamente, em um ou dois dias. “É um trabalho muito complexo. A gente segue padrões e protocolos internacionais”, disse Miziara. O resultado positivo depende ainda da qualidade das amostras - em acidentes aéreos dessa natureza, a extração dos genes é dificultada pela deterioração dos fragmentos.

Coleta. Ao anunciar a pretensão de terminar o trabalho de identificação em dois ou três dias, Alckmin afirmou que a coleta dos perfis genéticos estava praticamente encerrada na tarde desta quinta - segundo o governador, faltava apenas colher amostra de DNA de parentes de um dos pilotos da aeronave, Geraldo da Cunha. Todos os demais já haviam sido colhidos, de acordo com Alckmin.

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Em seguida, a Secretaria da Segurança Pública do Estado informou que um perito da Polícia Federal foi até a cidade de Governador Valadares, em Minas Gerais, executar o trabalho. Mas, apesar de coletados, nem todos os materiais já se encontravam na sede do IML paulista. Até as 20h desta quinta, os peritos responsáveis pelo caso tinham para comparação somente amostras de DNA de Marcos Martins, também piloto do jato, e do assessor parlamentar de Eduardo Campos, Pedro Valadares.

O deputado federal licenciado, Walter Feldman, porta-voz da Rede Solidariedade, fundada pela candidata a vice na chapa de Campos, Marina Silva, esteve no IML central nesta quinta para acompanhar o procedimento. Ele afirmou que viu o trabalho dos peritos. “É muito chocante, realmente muito triste ver aqueles que nós acompanhamos nos últimos dias nesse estado”, afirmou, referindo-se ao fato de os corpos terem se fragmentado com a queda do avião.

O governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB), também esteve em São Paulo para obter informações sobre o processo de identificação. No Recife, os preparativos para as homenagens aos mortos já começaram./ COLABORARAM MATEUS COUTINHO e VALMAR FILHO

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