Conversas do PSDB sobre participação em eventual governo Temer passam pelas eleições municipais

Discussões envolvem principais colégios eleitorais, como São Paulo, onde Marta Suplicy (PMDB) pode ser adversária de João Doria (PSDB)

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Por Elizabeth Lopes
Atualização:

SÃO PAULO - O embarque tucano num eventual governo Michel Temer (PMDB) vai além da participação de correligionários do PSDB na Esplanada dos Ministérios. Fontes consultadas pelo Broadcast Político, serviço de notícias da Agência Estado, informaram que as tratativas passam também pelas eleições municipais de outubro. E o pleito municipal é avaliado pelas lideranças políticas como fundamental para pavimentar as eleições presidenciais de 2018 e lançar ao eleitorado o mapa dos nomes e forças políticas que estarão em jogo na disputa pelo Palácio do Planalto.

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O mesmo mote mobiliza outros partidos, como o PSD de Gilberto Kassab, ex-ministro de Cidades de Dilma Rousseff, mas que é visto com bons olhos no chamado núcleo duro de Temer e também pelo próprio vice-presidente, por ter liberado sua bancada no plenário da Câmara para votar a favor da admissibilidade do impeachment. Dos 37 deputados federais da sigla, 29 votaram a favor do prosseguimento do processo de impedimento.

As conversas sobre as eleições municipais de outubro deste ano, ainda ofuscadas pelas discussões em torno do impeachment, envolvem basicamente os principais colégios eleitorais do País, como São Paulo, chamada de "joia da coroa", em razão da influência que tem nos pleitos presidenciais. Para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que emplacou o empresário João Doria para a disputa, o ideal seria o PMDB não lançar candidato. O difícil, avaliam fontes próximas ao tucano, é fazer com que a senadora Marta Suplicy, que trocou o PT pelo PMDB justamente para tentar voltar ao comando do Executivo municipal, desista da empreitada.

Marta Suplicy, quedeixou o PT para disputar prefeitura de São Paulo pelo PMDB, pode abandonar pleito se integrar eventual governo Temer Foto: Silvana Garzaro

Nos bastidores, a avaliação é que, se Marta integrar o eventual governo Michel Temer, poderá desistir da candidatura. Já para o PSD, o peso do PMDB nas eleições municipais em São Paulo é grande - por isso, para a direção da sigla o ideal seria ter o apoio deste partido para fortalecer seu candidato, o recém-chegado vereador Andrea Matarazzo, que saiu do PSDB por não concordar com o que ele classifica de "intervenção do governador Geraldo Alckmin" na definição de Dória para a cabeça de chapa tucana.

Integrantes do PSD cogitam até mesmo uma composição entre Matarazzo e Marta numa chapa única para essa disputa. "Como os dois demonstram que não pretendem abrir mão da cabeça de chapa, difícil saber quem poderia ocupar a posição de vice", avalia um interlocutor com acesso aos dois políticos.

Para uma fonte com acesso à cúpula tucana, apesar de as eleições municipais "participarem" das conversas que Temer e sua equipe estão tendo com as lideranças partidárias, o ponto crucial das discussões é a forma como o peemedebista e seus colaboradores, com o apoio dessa coalizão partidária, ajudarão o País a retornar aos trilhos do desenvolvimento sustentável e à rota do crescimento. "Sem isso, não se pode nem ao menos falar em eleições municipais", destacou a fonte.