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Contadora de doleiro fala em 'malas de dinheiro' para políticos

Meire Poza diz à ‘Veja’ que esquema operado por Youssef beneficiava integrantes de ao menos 3 partidos – PT, PMDB e PP

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Por Redação
Atualização:

Atualizado às 20h27

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A ex-contadora de Alberto Youssef Meire Bonfim da Silva Poza afirmou que o esquema operado pelo doleiro preso pela Operação Lava Jato movimentava “malas de dinheiro” e beneficiou políticos e pelo menos três partidos - PT, PMDB e PP -, segundo reportagem da revista Veja deste fim de semana.

Segundo relato de Meire à revista, as malas de dinheiro saíram da sede de pelo menos três “grandes empreiteiras”, sendo embarcadas em aviões e entregues para políticos.

Dois dos integrantes da relação de políticos ligados a Youssef, citada pela Veja, já respondem a processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados: André Vargas (ex-PT) e Luiz Argôlo (ex-PP).

Meire afirma ainda que o doleiro teria depositado R$ 50 mil na conta do senador Fernando Collor (PTB-AL) a pedido de Pedro Paulo Leoni Ramos, um ex-assessor do ex-presidente. Ela afirma também que o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) contou com a ajuda de Youssef para quitar dívidas de campanha. Outro político citado é o ex-ministro e ex-deputado Mário Negromonte. Conforme a ex-contadora, um irmão de Negromonte trabalhava para o esquema “transportando as malas, levando e buscando dinheiro nas construtoras”.

 

Youssef está preso por envolvimento nas investigações da Operação Lava Jato Foto: JOEDSON ALVES/Estadão

O próprio doleiro, segundo ela, se encarregava da distribuição de recursos aos beneficiários, que receberiam pagamentos em dinheiro vivo ou por meio de depósitos bancários feitos por ela. As investigações indicam que o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro do doleiro teria movimentado volume estimado em R$ 10 bilhões.

De acordo com a revista, Meire afirma que fez muitos pagamentos, mas não diretamente na conta de políticos, e, sim, para familiares deles. Vargas, disse a ex-contadora, ajudou Youssef a lavar R$ 2,4 milhões por meio de uma empresa no Paraná. Como retribuição pelo serviço, o doleiro pagou R$ 115 mil para pagar o frete do jato que levou o ex-petista para férias na Paraíba. A operação, conforme a Veja, teria sido feita por Leon Vargas, irmão do deputado.

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Argôlo é descrito na reportagem como uma das figuras mais assíduas do escritório do doleiro.

A ex-contadora disse que trabalhou por três anos com Youssef e no período montou empresas de fachadas e organizou planilhas de pagamento. Segundo ela, um dos esquemas tinha como alvo caixas de prefeituras. Youssef pagaria propina de 10% a cada prefeito que topasse investir num fundo de investimento criado por ele.

O Estado teve acesso aos depoimentos de Meire à PF. Num deles, ela citou os municípios de Paranaguá, Cuiabá, Petrolina, Hortolândia, Holambra e Tocantins. A contadora disse também que Vargas estaria empenhado em conseguir que dois fundos de pensão, o Postalis, dos Correios, e a Funcef, da Caixa Econômica Federal, colocassem R$ 50 milhões num dos projetos de Youssef.

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