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Conselho discute 'intensamente' antes de votar, disse presidente da Petrobrás

Graça Foster afirmou no Congresso, em maio, que processo de tomada de decisões dura semanas

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Por Andreza Matais
Atualização:

Brasília - A presidente da Petrobrás, Graça Foster, afirmou ao Congresso que o conselho de administração da empresa só delibera sobre uma matéria após o tema ter sido discutido de forma "intensa" num processo que chega a durar "semanas". Segundo ela, quando a reunião ocorre, tudo já foi discutido previamente. "Treinamos bastante para irmos ao Conselho", afirmou à Comissão de Minas e Energia da Câmara em maio do ano passado.A resposta foi dada a uma pergunta do deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), atual líder do PSDB na Câmara, que a questionou especificamente sobre a reunião que tratou da compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). O deputado precisou insistir três vezes para que a presidente da Petrobrás respondesse "se houve alguma manifestação de membro do conselho de administração seja criticando ou desaprovando essa negociação." Em resposta, Graça Foster disse: "Eu participei, talvez nos últimos 15 anos, eventualmente, de algumas reuniões do Conselho como assistente, dando apoio ao meu chefe que lá estava, em algumas situações, e a discussão do Conselho é intensa. Nós temos ali o controlador, os minoritários, a Petrobrás, que quer crescer, crescer. Há uma discussão muito forte. É sempre intenso. A preparação para uma reunião do Conselho de Administração é algo que toma semanas de discussão. Treinamos bastante para irmos ao Conselho."As declarações da presidente da Petrobrás contrastam com a justificativa da presidente Dilma Rousseff para seu voto a favor da compra de Pasadena, em 2006. Ao Estado, a presidente afirmou que aprovou o negócio exclusivamente com base em um resumo executivo mas que, dois anos depois, descobriu que esse documento era "falho" porque omitia cláusulas do contrato. Segundo a presidente, se ela tivesse conhecimento dessas cláusulas, "seguramente não seriam aprovadas pelo conselho." A presidente não cita reuniões prévias sobre o tema Pasadena. Dilma era presidente do conselho de administração da Petrobrás e ministra da Casa Civil quando a compra de Pasadena foi aprovada. Na audiência pública, Graça Foster defendeu a compra da refinaria no contexto da política da empresa em 2006, mas afirmou que se fosse naquele momento (em maio passado) ela não seria favorável. "Quando eu olho para trás, com tudo o que aconteceu, com todas as divergências que aconteceram com todos os sócios, quando olho o que nós estamos construindo no Brasil, fica muito fácil para mim - ainda que eu fosse, à época, presidente da BR Distribuidora - olhar para trás e falar: hoje não faria isso. Eu não faria porque estou vendo todo o passado. Então, esse é um ponto que precisa ser bastante bem colocado. Quando há o retrovisor com tudo de bom e tudo de ruim, fica mais fácil colocar o que deveria ter sido feito e o que não deveria."Nestor. Na ocasião, a presidente da Petrobrás também defendeu o ex-diretor da área de energia da empresa Nestor Cerveró, atual diretor financeiro da BR Distribuidora, acusado pela presidente Dilma Rousseff de ter elaborado o resumo técnico "falho" sobre Pasadena entregue ao conselho de administração. "A BR tem um presidente, que mantém o diretor Nestor por entender que ele tem o desempenho adequado. E sou conselheira também da BR Distribuidora. E o resultado da BR Distribuidora é excepcional, uma empresa que tem tido um lucro líquido grandioso e é produto de vários profissionais que lá estão", disse. Cerveró foi indicado para o cargo com o apoio do ex-ministro José Dirceu e do senador Delcidio Amaral (PT-MS). Ele tirou férias após ser citado na nota da presidente Dilma.A audiência pública foi marcada pela blindagem da base aliada do governo à presidente da Petrobrás para evitar que ela comentasse sobre a compra de Pasadena. O convite partiu do deputado Antonio Imbassahy, que inicialmente queria convocá-la na Comissão de Segurança Pública, mas acabou transformando o requerimento em convite para não ser derrotado. Paralelamente, os governistas aprovaram uma audiência pública na Comissão de Minas Energia para tratar dos planos da Petrobras. Desta forma, as duas comissões realizaram uma reunião conjunta, o que acabou ampliando o foco da discussão e deixando o tema Pasadena como secundário.

 

 

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